Fez as malas e partiu no último verão. O convite convenceu-os a todos. Ao Feirense e a ele. Guilherme Ramos, 24 anos, rumou a um dos campeonatos mais importantes da Europa, a Bundesliga, sem ter batido à porta do principal escalão do futebol português.
Em entrevista exclusiva ao zerozero, o defesa do Arminia Bielefeld conta como estão a ser os primeiros meses na Alemanha, relembra a estreia no campeonato germânico frente a um «gigante», passa pela carreira que teve em Portugal e termina com o sonho de uma vida: a seleção nacional.
Esta é a segunda de três partes da nossa conversa.
ZZ: Recuemos um pouco para recordar a tua saída do Feirense para a Bundesliga, porque não é nada comum. Como é que isso aconteceu?
GR: Estava há dois anos no Feirense, tinha feito duas épocas consistentes na Segunda Liga; já tinha alguns clubes da Primeira Liga interessados mas o Feirense também se protegeu sempre um pouco porque via o meu valor e achava que eu poderia ser um jogador mais rentável no futuro. Aguardaram pelo momento certo e apareceu o Arminia e as coisas avançaram.
ZZ: Há aí uma questão relevante ao dizeres que o «Feirense se resguardou e esperou pela melhor oferta». Chegou a falar-se no Atlético de Madrid e não sei houve conversas nessa altura; ou o Atlético não foi a melhor oferta e o Arminia foi, depois?
ZZ: Não foi Espanha, foi a Alemanha… Deixa-me fazer só uma brincadeira: a tua carreira, embora ainda muito no início, faz-me lembrar um pouco a do Pauleta, pelo facto de teres dado o salto para fora sem teres jogado na Primeira Liga. Se fosse como a dele já te darás por feliz? (Sorrisos)
GR: Sem dúvida! Um dos meus grandes sonhos é jogar na seleção nacional...
ZZ: Já lá vamos… Mas antes voltemos ao assunto da Segunda Liga porque tu dando esse salto acabas por dar maior visibilidade a esse campeonato. Há, de facto, muito talento na Segunda Liga em Portugal?
ZZ: Sem dúvida. E o teu percurso começou em Alcochete, na academia do Sporting. Há em ti alguma tristeza por teres feito esse percurso e nunca teres chegado à equipa principal ou esse assunto está bem resolvido dentro de ti?
GR: Sim, está bem resolvido. Faz tudo parte, muitas vezes, de timings, de escolhas e acabou por nunca acontecer. Era um objetivo chegar à equipa principal do Sporting e sempre trabalhei para isso, mas acabou por não acontecer e segui o meu caminho naturalmente e fui dando os meus passos. É esse o meu foco: tentar não criar expectativas, trabalhar diariamente para ser o melhor jogador possível e dar continuidade ao meu crescimento e à minha carreira.