FIGURAS DO JOGO | Com Pote ausente, criação veio de trás

Na cabeça ficaram dois momentos: o passe para Nuno Santos no lance do empate e o cabeceamento que antecedeu um falhanço incrível de Paulinho. Mas do jogo sobrou muito mais: perante a fraca capacidade de criação de Palhinha e Ugarte, viu-se regularmente o defesa subir pelo corredor central e ser ele próprio o arquiteto de lances ofensivos. Quase sempre com um bom nível e sem cometer falhas. Não admira que Rúben Amorim já o utilize com uma regularidade que se pode traduzir num estatuto de titular.

Não a teve, mas certamente terá mais oportunidades (talvez noutro lugar, porque vai ser difícil segurá-lo) de estar em jogos que decidem títulos. Lincoln marcou um grande golo - preferimos destacar-lhe o pontapé a enaltecer a parca barreira que Adán pediu - e foi o arquiteto da equipa, que esteve encolhida enquanto o resultado lhe era atrativo e que ficou manca quando precisou de subir à área contrária. Nessa altura, o brasileiro baixou quase para central e pegou na batuta, mas já com muitas dificuldades dos colegas para conseguirem acompanhar. Fica pelo caminho...

Acabou a jogar à frente, antes de sair, mas em boa parte do jogo esteve a fazer a asa esquerda e com qualidade. O canhoto foi dos mais esclarecidos da equipa e aproveitou o espaço que lhe foi concedido na esquerda (porque Sagna seguia Pote e Cryzan era lento a compensar) e esteve em vários dos principais momentos ofensivos da sua equipa. Sobretudo na primeira parte, nomeadamente no golo. Não há dúvidas de que é a solução mais viável para o treinador.

Havia a dúvida sobre quem ocuparia o centro do ataque e, quando se viu que era Tabata, passou a haver a dúvida sobre se seria capaz de fixar os adversários sem que, com isso, se perdesse na marcação. E conseguiu executar com qualidade, pois não deixou de estar consideravelmente ativo em jogo e com as ações a serem bem executadas. No dia em que surgiu o rumor de que estaria de saída, parece estar bem dentro da equipa.

Foi abraçado pelo azar com aquela mão na área. Não teve culpa, apesar de tudo, e até podemos dizer que o vermelho foi exagerado, mas com esse momento não apenas proporcionou o 2x1 como castrou grande parte da capacidade de reação da sua equipa, reduzida a 10 homens. Ainda assim, tinha passado muito ao lado do jogo, perdido entre os defesas do Sporting, algo distante da equipa e sem conseguir ser capaz de ganhar duelos e de segurar bola. Foi uma má noite.

Apesar da forte produção dos leões pelo lado esquerdo, já falada acima, Pedro Gonçalves, que começou descaído para aquele lado, nunca conseguiu aparecer no jogo. Não é um problema de agora, pois parece ser daquele lado que o português menos rende, mas viu-se em Leiria mais um exemplo disso. Claro que também foi bem anulado, houve mérito do adversário, só que de Pedro Gonçalves espera-se sempre que possa contornar isso.