O Marítimo saiu da Pedreira de Braga com um triunfo por 0x1 conseguido no último sopro da partida. Um golo de Cláudio Winck confirmou o estado de graça que a entrada de Vasco Seabra injetou nos insulares, que perderam apenas um dos últimos sete jogos. Do outro lado, os números não enganam: duas vitórias nos últimos oito jogos são sinónimo de crise nas hostes guerreiras.
Há atos com papéis bem definidos, como os do jogo da Pedreira. Duas equipas que se conhecem, sobretudo, a si mesmas, apostadas na própria filosofia. Por isso, não coube espanto na narrativa em que o SC Braga pegou na bola e o Marítimo, em bloco médio-baixo, deixou que ela corresse à sua frente.
A primeira dezena de minutos foi de «borla» e passou rapidamente à história. Só depois a equipa de Carlos Carvalhal passou do controlo ao forcing, causando problemas sérios a Paulo Victor, que no mais contundente, aos 11 minutos, voou para uma defesa soberba a opor-se ao remate de Galeno; a bola acabou no poste da sua baliza.
Arrancou aí a constante do jogo. Mais Braga e mais perigoso, acelerados pelas alas onde Iuri e Galeno foram ativos. O primeiro chegou a pedir grande penalidade (17') na sequência de um choque com o guarda-redes do Marítimo, mas a verdade dos factos está na saída a tempo de Paulo Victor. O momento, contudo, irritou o ambiente e nos minutos seguintes atingiu o pico com a expulsão de Carlos Carvalhal.
Foi nessa inquietude minhota que o Marítimo viveu o melhor tempo na primeira parte. Respaldados por uma suficiente estabilidade defensiva - Zainadine é patrão -, a equipa de Vasco Seabra lá se atreveu a explorar terrenos mais ousados. Com Rafik Guitane em evidência, foi Beltrame a assumir as finalizações (44' e 57'), mas em ambas teve em Matheus o sinal proibido.
Apesar do domínio, o Braga pareceu em largos momentos pouco intenso no mesmo. A bola circulou, é certo, mas esbarrou quase sempre na última linha madeirense. Do lado oposto, o ADN próprio de quem sabe ser tranquilo na inferioridade e, por isso, aqui e ali foi havendo Marítimo à frente.
Perante essa evidência, Carvalhal lançou a «artilharia pesada» nos últimos 20 minutos: Abel Ruiz, Lucas Mineiro, Roger e, por fim, Mario González. Foi a tentativa de arrancar a ferros o que antes não tinha sido conseguido pela estratégia. Sem sucesso. E no insucesso coube, por fim, o golpe de asa madeirense, em cima do Minuto 90. Cláudio Winck, num remate da «segunda fila», fez tombar em definito o Braga.
É inegável o crescimento futebolístico e mental do Marítimo desde a entrada de Vasco Seabra para o comando técnico. Sabendo que lhe falta talento para um futebol mais vistoso, o técnico dotou a equipa de uma sustentabilidade notável e capaz de arrecadar pontos.
Não é timbre das equipas de Vasco Seabra mas há um certo ADN maritimista no uso das quebras do jogo. Não foi diferente na noite de Braga, com várias paragens provocadas pelos visitantes que, a bem da verdade, eram perfeitamente evitáveis.
Gustavo Correia esteve, no geral, bem nas tomadas de decisões, ainda que não se tivesse percebido muito bem o critério adotado para assinalar falta.