O corredor das diabruras. Às direitas, Ricardo Pereira e Jesus Corona. Época 2017/18, o FC Porto de Sérgio Conceição a amassar a concorrência e o título nacional a voltar ao Dragão, muito por responsabilidade dessa sociedade lateral.
Ricardo acaba o ano com números estratosféricos: 43 jogos, dois golos e seis assistências, 3563 minutos suficientes para convencer o Leicester a deixar 20 milhões de euros nos cofres azuis e brancos.
Corona não faz muito pior: 41 jogos, três golos e quatro assistências, 2147 minutos em campo.
Do lateral, muita velocidade e capacidade de chegar à frente com lucidez. De Tecatito, aquele futebol de algodão doce, que se mastiga sem se sentir. Nunca é de mais.
Passam os anos, Ricardo e Corona mantêm a amizade. O internacional português está no quarto ano em Inglaterra, a recuperar de mais uma lesão – que azar, Ricardo! – e certamente um lugar entre os melhores nos foxes e na Seleção Nacional.
Ricardo Pereira 6 títulos oficiais |
Do México, Manuel Negrete e Jorge Campos aconselham Corona a pensar bem nas escolhas que fará para o futuro. Afinal, é no FC Porto que se diz feliz. E Ricardo, amigo e ex-parceiro de vestiário, como olha para o contexto atual em que compete Tecatito?
«O Corona tem muita qualidade e já a demonstrou, mesmo a lateral direito», refere o jogador sete vezes internacional por Portugal, uma delas no Mundial de 2018.
«Na época anterior vi-o muito confortável e competente a fazer a posição, tanto no aspeto defensivo como no ofensivo. Pega no jogo atrás muito bem, porque tem uma relação excelente com a bola», continua Ricardo, garantindo que o colega não necessita dos seus conselhos para ser «determinante».
«Ele já trabalha há vários anos com o mister Conceição. Sabe quando tem de fechar por dentro e tem bons timings na abordagem aos adversários. Sinto que o Corona pode fazer a diferença, apesar dessa não ser a posição natural dele.»
Um sorriso que nunca acaba. Extrovertido em campo, brincalhão fora dele, coração e alma bons. Animador de serviço nos momentos de pausa da locomotiva competitiva do maquinista Sérgio Conceição.
«Foi dos colegas mais divertidos e brincalhões que apanhei no balneário do FC Porto», resume Ricardo Pereira, instado a comentar a postura de Jesus Corona no dia-a-dia, mesmo que esses dias apontem para a separação entre as partes em junho.
Ricardo não comenta esse aspeto, mas faz questão em atestar a seriedade do mexicano. «É muito boa pessoa e dá muito bom ambiente ao grupo. Mas, acima de tudo, é muito profissional. Pensa bastante nos colegas e em prol da equipa.»A mensagem para os adeptos do FC Porto, e até para os seus responsáveis, é simples: enquanto vestir o dragão ao peito, Jesus Corona estará comprometido. Com o talento e com o sorriso.
«É um verdadeiro jogador de equipa. Não sei se renova ou não, o que posso garantir é que é um atleta que gosta e sente muito o FC Porto. Não está a jogar tanto esta época, mas isso só vai motivá-lo a dar tudo o que tem e mostrar que pode jogar mais.»
Ricardo e Corona, uma dupla de boa memória no Estádio do Dragão. Dentro de seis semanas a dois meses, o lateral volta a fazer o que mais gosta, a lutar em campo pelo Leicester e, espera-se, pela Seleção Nacional.
Por agora, à distância e a lutar contra mais um problema físico, fica a bênção autorizada a Jesus Corona. Batistério de laterais.
2-3 | ||
Arthur Gomes 38' André Franco 43' (g.p.) | Mehdi Taremi 49' Luis Díaz 84' Francisco Conceição 89' |