A locomotiva do Estoril Praia foi abrandada no seu próprio reduto, frente a um Santa Clara que não quis saber do seu posicionamento na tabela - último lugar - e foi à casa do quarto classificado roubar um ponto tão valioso quanto justo, na 12ª jornada da Liga Bwin.
Num jogo de certa forma inédito, uma vez que estas duas equipas nunca se tinham defrontado no principal escalão do futebol português (apenas Taça e divisões inferiores), a formação de Bruno Pinheiro conseguiu regressar à igualdade depois de ter estado a perder duas vezes, mas raramente revelou argumentos para vencer. Do ponto de vista visitante, foge mais um potencial triunfo...
No regresso de Marco Pereira e Villanueva, o Santa Clara revelou-se mais confortável do que em jogos recentes desde o apito inicial, mesmo jogando perante o quarto classificado e equipa sensação desta edição da Primeira Liga. Olhos nos olhos, como seria de esperar, mas com mais confiança do que o habitual.
Ricardinho foi a personificação desta versão dos bravos açorianos, muito interventivo e funcionando como um pêndulo num trio atacante que teve Cryzan e Rui Costa. Encontrou Cryzan com um belíssimo passe para uma grande chance, depois de já ter driblado dois adversários, mas foi à segunda, num lance de contra-ataque, que deu as condições para Rui Costa e Lincoln encontrarem o 0x1.
Essas mesmas unidades que se destacaram na primeira parte, para cada uma das equipas, foram praticamente anónimas no segundo tempo. O camisola 98 do Santa Clara viu muito menos bola, revelando maior apetência para fechar espaços no meio campo açoriano. Soria fez pior, ao estar envolvido num lance que dá novamente a vantagem ao emblema visitante.
Num contra ataque letal, Nené encontrou o defesa do Estoril onde procurava Cryzan, mas Soria fez o favor de colocar a bola no dianteiro brasileiro, que driblou até já não poder mais e aí finalizou para um surpreendente 1x2, que valeria à equipa de Nuno Campos o primeiro triunfo em oito jogos. Para desgosto insular, não foi bem isso que aconteceu.
Algo inconsequente nas poucas vezes que teve a bola, o jovem extremo acabou por não ter impacto direto, mas uma mão de Morita, confirmada pelo VAR gerou uma oportunidade dourada para o Estoril empatar de grande penalidade, já no 88º minuto. Foi chamado a cobrar André Franco, que enganou o guarda-redes para chegar ao seu sexto golo na prova, ao 12º jogo.
Os canarinhos ainda trocaram um olhares com a chance de vencer, mas isso seria ambição a mais e por pouco não viram Jean Patric colocar o Santa Clara de novo em vantagem. No final, o empate serviu a ambos.
Tudo apontava para um jogo em tons de amarelo e azul, com o Estoril em quarto lugar na tabela a receber um último classificado Santa Clara que não vive um momento particularmente positivo. Ainda assim, Bruno Pinheiro encontrou um jogo sempre complicado, no tipo de surpresas que só dão saúde à competitividade do campeonato.
Há o lado bonito da surpresa, mas também há o facto deste jogo condenar as duas equipas a saírem cabisbaixas do relvado. O Estoril porque deixou fugir pontos num jogo acessível, ficando agora mais perto de Portimonense e SC Braga, e o Santa Clara porque continua sem vencer, num jogo em que esteve em vantagem por duas vezes.
No único lance de difícil análise, Filipe Melo foi ver as imagens e tomou a decisão correta com o auxílio do VAR.