FC Arouca bateu o Boavista, este sábado, por 2x1, em encontro da 12.ª jornada da Liga Bwin. A equipa de Armando Evangelista somou o quarto jogo sem perder enquanto o Boavista já leva oito partidas sem conseguir vencer.
É uma evidência que este Boavista está «doente». As muitas ausências (por castigo, lesão, falta de ritmo, etc...) ajudam a explicar parte de um problema que é bem mais abrangente na equipa do Bessa. E os sintomas ficaram bem evidentes na primeira parte do jogo em Arouca, onde João Pedro Sousa esperou e desesperou junto à linha por uma reação à goleada sofrida há três semanas, diante do Famalicão. E se aos seis minutos Alireza ainda se opôs ao remate de Bukia, não tardou muito a sofrer as consequência de uma equipa à deriva.
A cada arrancada arouquense (fosse por Bukia, Oday Dabbagh ou Arsénio), a estrutura frágil da pantera tremia perigosamente. O golo do avançado da Palestina - que substituiu o castigado André Silva - aos 11 minutos teve tanto de simples como de demonstrativo da apatia boavisteira. Leandro Silva colocou de «trivela» em Arsénio na esquerda, este direcionou para Dabbagh que, solto de marcação, teve tempo e espaço para colocar o cabeceamento fora do alcance de Alireza.
As dificuldades do Boavista foram sempre mais do que muitas, fosse na tentativa de suster os ataques do Arouca ou na procura de jogo próprio. Gustavo Sauer ainda foi quem tentou emprestar alguma qualidade, mas foi curto, demasiado curto, para incomodar verdadeiramente Norbert Haymamba na baliza do Arouca. O camaronês fez a estreia absoluta e deu-se ao «luxo» de evidenciar várias insuficiências que, ainda assim, nunca foram devidamente aproveitadas pelo emblema da cidade do Porto.
Do outro lado, Alireza, com outra qualidade, manteve o Boavista em jogo, quando aos 43 minutos respondeu em dose dupla a duas tentativas de Arsénio. Mas era a facilidade com que a defesa axadrezada se deixava ultrapassar que impressionava. Nathan Santos teve uma primeira parte para esquecer - tantos passos falhados -, Porozo não esteve muito melhor e o resto foi um «ver se te avias».
Como pior era difícil, o Boavista regressou do intervalo com outra disposição e as melhorias foram evidentes. Mais dinâmica, com «olho» para outras soluções de ataque, a equipa do Bessa ameaçou logo nos primeiros minutos. Primeiro por Yusupha, que por pouco não assinou um golo fantástico, depois por Musa, que de primeira fez balançar a malha lateral da baliza de Norbert. Os avisos estavam dados.
O sinal de vida boavisteiro acabou recompensado com o golo do empate, aos 54 minutos. Hamache cruzou da esquerda e Musa, mais alto do que o adversário, cabeceou sem dar hipóteses ao guarda-redes do Arouca. Em pouco mais de nove minutos, o Boavista produziu mais do que nos primeiros 45 e crescia a expetativa em torno de uma possível recuperação.
No entanto, e porque o Arouca também não voltou a ser capaz de incomodar verdadeiramente Alireza, o jogo caiu para níveis entre o mau e o paupérrimo, sem nada a oferecer para além da entrega natural dos jogadores. E foi já na aceitação desse facto que surgiu o segundo golo do FC Arouca, quando o relógio batia o minuto 90. Antony Alves, que se estreou em absoluto pelos arouquenses, encontrou o caminho da baliza na sequência de um lance confuso na área do Boavista.
Foi um daqueles jogos que não vão figurar na memória de nenhum daqueles que assistiu. Por isso, numa noite gélida de novembro em Arouca, os golos de Dabbagh, Musa e Antony vão ser a única referência de interesse a perdurar para a história.
Se a primeira parte ainda teve alguns momentos de interesse, a segunda, à exceção dos golo de Musa e de Antony Alves, foi um enorme bocejo. E pouco mais há a escrever para justificar esta escolha.
João Pinheiro não teve das melhores noites da sua carreira. Com necessidade de falar várias vezes com os jogadores (sem necessidade em algumas delas), ainda foi «traído» pelo auxiliar num lance na primeira parte. Oday Dabbagh escapava em direção à baliza depois de um erro de Nathan mas o auxiliar assinalou fora de jogo. É certo que o palestiniano estava em posição irregular num primeiro momento, mas Nathan jogou a bola e só depois é que o avançado do Arouca a ganhou.