Jorge Jesus vai cumprir 600 jogos na Liga e aponta ao futuro: «Agora sou eu que escolho os clubes que quero treinar»

Prestes a cumprir 600 jogos como treinador na Liga Portuguesa, Jorge Jesus mantém a motivação e o foco no treino diariamente. O técnico de 67 anos já superou a marca dos 30 anos de carreira e, em entrevista ao jornal A Bola, assegurou que a paixão no futebol é a mesma desde o primeiro jogo. 

«Sinto-me mais velho com tantos jogos, mas cada vez estou mais jovem pois a minha paixão é a mesma. Entre este jogo 600 e o primeiro não noto diferença alguma na minha intensidade, na vontade de trabalhar todos os dias, na vontade de me levantar na cama. Se [fosse] possível não tinha folgas para estar sempre a treinar», começou por dizer, apontando uma idade para deixar o futebol.

«Se tiver saúde para isso, e me mantiver com a mesma capacidade física que tenho, se tudo correr normalmente até aos 75 vou estar a treinador. Agora já não é a mesma coisa que era quando comecei a minha carreira. Agora sou eu que escolho os clubes que quero treinar. Não são os clubes que me escolhem. E daqui para a frente será sempre assim», acrescentou. 

Relação com Sérgio Conceição e Rúben Amorim

Nas três décadas de carreira, Jorge Jesus orientou 12 clubes em Portugal e nesse percurso teve a oportunidade de treinar os dois treinadores dos atuais rivais: Sérgio Conceição no Felgueiras e Rúben Amorim no Belenenses. 

Sobre esta rivalidade, o técnico do Benfica explicou a diferente relação que tem com os dois treinadores. 

«Uma coisa é a rivalidade fora de campo e outra coisa é dentro do campo. O que para mim é importante é que o Sérgio hoje é um grande treinador como outros ex-jogadores meus são. Isso é que é importante. Alguma coisa ficou neles de mim. A valorização dele, como de outros, deixa-me extremamente orgulhoso [...]. O Rúben Amorim foi o jogador que mais tempo trabalhou comigo. Sete anos! Sinto-me feliz porque está ali um treinador que também trabalhou comigo vários anos e anda à procura do seu caminho e das condições para também ser um dos grandes treinadores do futebol português. Já o é. E isso também me deixa orgulhoso», referiu. 

«Mal de mim se não houvesse espaço para títulos»

Por fim, relativamente ao futuro, Jorge Jesus deixou em aberto o desejo de ainda poder vir a orientar uma seleção. 

«Se me perguntares se tenho objetivos, sim, tenho. Em Portugal já ganhei tudo o que tinha para ganhar, mas voltei a Portugal para tentar conquistar novamente vários títulos. No ano passado não consegui. Temos este ano essa possibilidade e pensando sempre que para além das conquistas internas há outras conquistas, onde eu já estive, como um campeonato do mundo de clubes que para mim é um dos máximos como objetivo de um treinador. Se puder ser campeão de uma seleção melhor, mas para isso só podes escolher entre duas ou três seleções. Não há mais. Para ir a uma final de clubes tens de ganhar a Champions e só quatro ou cinco equipas o conseguem. Não há mais...», acrescentou, deixando bem claro, ainda assim, que ainda pretende ganhar mais títulos com o Benfica.

«Mal de mim se não houvesse espaço para títulos. Pelo menos em Portugal há. Foi com esse objetivo que o Benfica me contratou e foi com esse objetivo que eu vim para Portugal», concluiu.