Foram três semanas de espera até ao regresso do campeonato, mas este voltou em força com um encontro entre Vitória SC e Marítimo que teve um desfecho alucinante e três pontos para a equipa da casa, arrancados mesmo na reta final. Os vitorianos apanharam sustos e lutaram até ao último suspiro para levar o prémio. «Are you not entertained?», perguntaria o mais célebre dos gladiadores...
Depois de longos períodos em que, apesar do domínio, os vitorianos chegaram a temer um desaire, muito por culpa do guardião Paulo Victor, o primeiro golo surgiu apenas aos 76 minutos e ainda houve um balde de água gelada em Guimarães, aos 89', antes do golo decisivo de Rochinha aos 90+1'.
O terceiro triunfo do Vitória SC nesta Liga Portugal Bwin chegou a muito custo, o Marítimo continua com apenas uma vitória no campeonato.
Depois de vencer pela margem mínima na Taça de Portugal, frente ao Oliveira do Hospital, Pepa ficou sem Rafa Soares e o lado esquerdo da defesa pertenceu a um estreante na Liga: Hélder Sá, lateral de 18 anos, surgia num onze inicial a que regressavam também Sacko, André André, Quaresma e Estupiñan.
Do outro lado estava um Marítimo a precisar ainda mais de pontuar, não só pela prestação na Liga mas também pela eliminação na Taça aos pés do Varzim. Saltavam para a equipa inicial Paulo Victor, Léo Andrade, Edgar Costa e Stefano Beltrame, sendo que este último médio italiano cumpria o primeiro jogo nesta edição do campeonato.
E por muito que os pontos pudessem ser mais necessários para os visitantes, os visitados rapidamente tomaram conta do ritmo do jogo e fizeram um primeiro tempo de sentido único em que ficou a faltar a definição. A equipa de Pepa atacava muito, em largura e com extremos muito interventivos - Quaresma e Edwards -, mas o momento da finalização não sorria aos vimaranenses.
O elevado caudal ofensivo ia permitindo acumular aproximações à baliza de um Paulo Victor que cedo se destacou na baliza maritimista: travou remates de Estupiñan, Quaresma e Mumin no primeiro quarto de hora. Depois disso, tentativas de Edwards e Quaresma não tiveram a direção desejada. Só o Vitória atacava com perigo, o Marítimo era quase nulo para lá do meio-campo e o empate ao intervalo só se justificava mesmo pela ineficácia vitoriana, por um lado, e pelos reflexos do guardião do Marítimo, por outro.
Se o primeiro tempo foi de domínio claro vitoriano, o segundo não foi tanto assim, porque embora a equipa de Pepa tenha continuado a ser aquela que mais assumia as despesas do jogo os homens de Velázquez conseguiram deixar muito sérios avisos em jeito de mensagem: se continuassem a não marcar, os conquistadores arriscavam-se mesmo a sofrer.
Bruno Xadas foi quem começou por lançar esses avisos, com recurso à meia distância, mas foram outros protagonistas que arrepiaram verdadeiramente os vitorianos: André Vidigal atirou para o fundo da baliza mas foi assinalado fora-de-jogo a Alipour, que um pouco depois só não marcou porque Bruno Varela quis ser tão grande como Paulo Victor quando teve que o ser.
Soavam alertas entre os da casa, o Marítimo conseguia por fim mostrar os seus argumentos nos ataques mais diretos, mas a reta final do encontro mostrou de novo um Vitória decidido a dominar e disposto a esgotar todas e quaisquer soluções para chegar ao golo. Bater Paulo Victor parecia impossível, o guardião continuava a agigantar-se, mas a primeira solução surgiu aos 76 minutos por meio da bola parada: Rochinha bateu o canto, Estupiñan cabeceou ao primeiro poste e causou uma espécie de erupção nas bancadas do D. Afonso Henriques.
Parecia resolvido, por fim, para os da casa, que ainda levariam com um balde de água gelada que teve pronta reação: Cláudio Winck marcou aos 89 minutos na sequência de um lançamento lateral... e o Vitória arrancou o triunfo nos descontos com Rochinha a completar na grande área após trabalho de Edwards. Se a erupção do primeiro golo já tinha sido intensa... o que dizer desta segunda?
Foi decisivo, tanto a dar a marcar como a fazê-lo ele mesmo. Bateu o canto para o golo de Estupiñan, apontou o 2x1 final nos descontos e selou o triunfo vitoriano. Substituir Quaresma não será fácil, mas acabou por ser a solução.
O Marítimo não se conseguiu bater de igual para igual, mas mais do que isso não conseguiu apresentar argumentos alternativos durante demasiado tempo. Foi apenas na segunda parte que lançou (sérios) avisos em jogadas diretas, depois de 45 minutos nulos a nível ofensivo.
Critério largo e regular ao longo do jogo, com decisões corretas em lances decisivos como no golo anulado ao Marítimo.