Quase cinco anos passaram desde o último embate entre Sporting e Borussia Dortmund. Foi também na fase de grupos da Liga dos Campeões (2016/17) e marcou o primeiro confronto da história entre as duas equipas. Esta terça-feira, há o segundo capítulo num Signal Iduna Park esgotado pelas 25 mil pessoas permitidas no estádio: um dado desfasado da realidade, mas que serve como motivação para a retoma progressiva da normalidade.
Para além disso, há um dado curioso: só existem quatro sobreviventes desse último duelo em Dortmund: Bürki, Raphael Guerreiro e Passlack (não saiu do banco) do lado alemão e Seba Coates (de regresso) do lado leonino. São, por isso, os únicos futebolistas que vão repetir a dose.
A entrada do Sporting na prova milionária não poderia ter corrido pior. Uma goleada caseira aos pés do Ajax, por 5x1, expôs a nu as debilidades (defensivas) dos leões ainda que no meio de uma lição de eficácia.
O Borussia Dortmund, mesmo com novo comandante, comete os mesmos erros do passado. É, no sentido figurado, uma espécie de Dr. Jekyll and Mr. Hyde: consegue ser espetacular na transição ofensiva e, ao mesmo tempo, um desastre na transição defensiva. Em suma, uma equipa anárquica e com duas facetas opostas.
Haaland é a grande figura de um elenco que conta com artistas como Reus (ambos estão em dúvida para o duelo), Bellingham, Mallen, Brandt (e por aí fora) que, em sintonia, é fantástico. Com uma frente ofensiva potente, o Dortmund é capaz de produzir momentos de futebol sensacionais ao mesmo tempo que comete erros inexplicáveis na transição (e até organização) defensiva, sendo que Marco Rose ainda procura um sistema apropriado para combater essa lacuna.
Para o Sporting, jogar compacto é essencial: setores juntos, reação à perda forte e uma linha defensiva coordenada de modo a evitar as bolas em profundidade. Por outro lado, o espaço entre linhas, se for bem aproveitado, vai baralhar as marcações e forçar o erro individual (e também coletivo). Paulinho e Sarabia, confortáveis nessas funções, podem assumir um papel importante tal como Nuno Santos ou Jovane pela velocidade e verticalidade que imprimem no jogo.
Haaland e Reus (em dúvida), Reyna, Brandt, Emre Can, Morey, Schmelzer, Zagadou, Coulibaly e Tigges
Gonçalo Inácio e Pedro Gonçalves
A jogar em casa, perante o seu público, o Borussia Dortmund certamente vai querer resolver a partida o quanto antes possível. Se Haaland e Reus não jogarem, o poder de fogo baixa substancialmente, mas há outros elementos capazes de decidir. No entanto, os deslumbramentos na retaguarda devem ser evitados porque do outro lado está um adversário forte e mais do que capaz do que os aproveitar.
Perante uma equipa de extremos, cabe aos leões serem equilibrados, mas, acima de tudo, inteligentes no ataque. O espaço entre o setor intermédio e o defensivo dos alemães pode ser explorado e ‘castigado’, sendo que Rúben Amorim tem vários jogadores capazes de dar ao jogo o que ele necessitar nos vários momentos.