Um comunicado conjunto das altas instâncias do futebol português revela que estas estão contra a hipótese de o Campeonato do Mundo passar a ser jogado com maior frequência, de dois em dois anos.
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a Liga, o Sindicato dos Jogadores e ainda as Associações nacionais de treinadores e árbitros juntaram-se para reprovar de forma pública esta ideia, explicando os motivos por trás da recusa.
Segundo as entidades em questão, tal oposição está relacionada com motivos como a sobrecarga dos calendários ou a saúde física dos atletas, entre outros.
Comunicado na íntegra:
«Futebol português reprova intenção da FIFA de aumentar a periodicidade da maior prova do mundo de Seleções.
O futebol português, a par dos restantes países mundiais, tomou conhecimento pela imprensa de uma intenção de duplicação do número de Campeonatos do Mundo de Futebol, passando a sua periodicidade a ser a cada 2 anos em vez do atual intervalo de 4 em 4.
A Federação Portuguesa de Futebol, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, a Associação Nacional de Treinadores de Futebol e a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol entendem ser adequado tornar público os motivos pelos quais discordam de tal ideia:
- A sobrecarga dos calendários e a saúde física dos atletas;
- O impacto sobre a saúde mental dos jogadores, obrigados, neste formato, a fazerem duas concentrações anuais de várias semanas;
- A sobreposição de provas continentais e intercontinentais masculinas e femininas nos mesmos anos, retirando impacto à forte aposta que se tem feito na promoção do futebol feminino um pouco por todo o mundo e em particular na Europa;
- A sobreposição de Jogos Olímpicos e Mundiais de Futebol;
- A paragem competitiva de todos os campeonatos para um formato de qualificação concentrado, obrigando os clubes a ficarem sem competição durante mais de um mês seguido durante a época desportiva;
- O aumento do risco de lesão em torneios concentrados de apuramento e fases finais;
- Consequências por aferir ao nível do emprego global de atletas de futebol, com uma concentração nas provas mais mediáticas e consequente redução de clubes e calendários nacionais;
- Impacto nas competições jovens de seleções, retirando oportunidades e visibilidade nomeadamente aos escalões de Sub21 e Sub20;
- Saturação evidente do mercado de direitos televisivos e comerciais ao duplicar a periodicidade da maior prova do mundo, provocando danos por medir nas ligas nacionais e no valor dos seus direitos;
- Inoportunidade, num momento em que ainda nem se disputou o primeiro Mundial alargado e com o novo formato de 48 seleções, que deverá acontecer pela primeira vez em 2026.
Por todos estes fatores e muitos outros, resulta claro que não podemos ser favoráveis a que uma medida destas seja implementada e ainda menos como resultado de um processo de consulta inexistente, no que aos clubes, ligas, federações, sindicatos de jogadores, treinadores e árbitros diz respeito.»