Ao estilo Casa de Papel, película que se desenrola na capital de Espanha, assistiu-se a uma tentativa, por parte do FC Porto, de fazer o mesmo na casa do Atlético de Madrid. Quase o conseguiu, merecia-o e teve claros motivos para acreditar que dava. Ficaram as queixas legítimas pelo trabalho da equipa de arbitragem e a ideia de que a equipa de Conceição se vai bater com todas as equipas do grupo para ganhar. Um bom arranque, com sabor amargo à mistura.
A perspetiva apontava para um jogo duro, de choque e de amarras. A escolha dos onzes alimentou outra ideia: foram escolhidos muitos protagonistas criativos, que faziam antever outra capacidade de criar, com João Félix e Lemar a apoiar Suárez e Llorente e Carrasco nas alas, mas também com Corona a lateral e dois pontas de lança por parte de Sérgio Conceição.
Só que, do outro lado, não havia melhor. Defensivamente, o FC Porto foi sempre compacto e raramente permitiu espaços a Lemar e João Félix, para o que muito contribuiu Grujic, talvez o melhor da equipa.
O jogo foi tendo várias paragens, o ritmo não era grande e isso ajudava os dragões, perante a ideia implícita de que o adversário tinha mais responsabilidade, por jogar em casa. Lemar saiu ainda na primeira parte, Zaidu deu o lugar a Wendell ao intervalo, por ter amarelo, e o jogo de forças e de contenção continuou.
Começaram de forma algo fortuita, com Otávio, provavelmente sem intenção, fazer um cruzamento largo que bateu na parte de dentro do poste e que foi recolhido por Oblak. Deu-se depois na baliza portista, com Diogo Costa a mostrar-se outra vez em grande. E seguiu depois na área colchonera, com um golo anulado a Taremi de forma muito polémica... pelo menos (temos a análise em baixo).
No fim, não se pode dizer que tenha sido um mau resultado, se bem que a frustração será sempre maior, por não terem permitido aos dragões uma vitória importantíssima.
Arbitragem muito influenciada pela plateia, com dualidade de critérios e com prejuízo claro para os portistas. Nos cartões (ou na paciência até à hora de os exibir), isso foi visível. Nos lances capitais, ainda mais. Muitas dúvidas sobre a queda de Zaidu na área, em que o defesa colchonero começou por tocar na bola, mas derrubou o portista. Certezas de que o lance de Taremi foi mal ajuizado: a mão existe e faz sentido que se invalide, mas só acontece porque Oblak o derrubou em falta, pelo que ficou um penálti evidente por assinalar nesse lance. Aceita-se a expulsão de Mbemba.
Os portistas continuam a representar muito bem a cidade e o país. Uma equipa que pode não custar tantos milhões como as dos adversários, mas que se bate com qualquer uma sem qualquer ponta de retração. Grande atitude e vontade, sem medo de um ambiente que impressiona.
Péssimo trabalho do árbitro romeno, a ceder ao ruído do estádio e a equivocar-se muitas vezes. Demasiadas para o nível Champions.