Um adversário apetitoso para a entrada em cena na Conference League e um adversário cujas debilidades o Paços de Ferreira aproveitou da melhor forma. Dois erros crassos dos norte-irlandeses do Larne, dois golos de Denilson Jr. e uma eliminatória que já estava bem encaminhada antes de Stephen Eustáquio e Uilton fecharem esta primeira mão nuns esclarecedores 4x0.
A perspetiva de um duplo embate com o Tottenham é aliciante e a equipa de Jorge Simão encaminhou-se nessa direção, mas há ainda uma viagem à Irlanda do Norte para fazer (parece protocolo) e um apuramento por confirmar. Ainda assim, só mesmo com uma hecatombe essa qualificação irá fugir, porque este adversário não está de todo ao nível da equipa portuguesa.
Com cinco reforços num onze inicial que teve ainda a inclusão de Stephen Eustáquio, acabado de regressar da participação na Gold Cup, Jorge Simão manteve boa parte da base da equipa que tinha defrontado o Gil Vicente, com apenas três alterações: além do internacional canadiano, entraram Luiz Carlos e Juan Delgado, com as saídas de Ibrahim, Rui Pires e Hélder Ferreira.
Do outro lado estava uma equipa que tudo fazia para se manter compacta e solidária e, dessa forma, fazer frente à maior qualidade técnica dos pacenses. Eram cinco atrás, quatro num meio-campo que se aproximava da defesa com frequência, criando um bloco difícil de ultrapassar.
Um lançamento longo e cruzamentos de Jorge Silva a partir da direita foram as primeiras soluções encontradas, com Denilson a não conseguir dar sequência em frente ao guarda-redes escocês Rohan Ferguson, que viria a fraquejar mas até lá ainda ia dando boa resposta. Outras soluções eram os passes longos de Eustáquio, que mereciam melhores receções lá na frente.
Com um treinador Tiernan Lynch muito interventivo desde o banco, a pedir mais pressão defensiva e ainda menos espaço concedido, o Larne foi conseguindo resistir... até quebrar por uma infantilidade do guarda-redes. Ferguson tentou sair a jogar, Denilson agradeceu a ousadia excessiva... roubou a bola e só teve mesmo de encostar. O golo chegava num curto período em que o Paços jogava com dez, entre a saída de João Vigário por problemas físicos e a entrada de Antunes, a realizar o primeiro jogo nesta terceira passagem pela Capital do Móvel.
Só pecava por escassa a vantagem dos pacenses, que queriam mais... queriam deixar a eliminatória tão encaminhada quanto possível, sentiam que tinham tudo para o fazer, e por isso não tardaram à procura do segundo golo. Ferguson ainda conseguiu aparecer na baliza do Larne a remates de Denilson no arranque do segundo tempo, mas novo erro voltaria a condenar os norte-irlandeses.
Foi depois de uma dupla alteração no ataque do Paços, com Uilton e Hélder Ferreira a entrarem para os flancos, que o Larne voltou a arriscar demasiado na defesa e permitiu ao Paços ficar de novo em posição privilegiada para marcar. Voltou a ser Denilson, assistido por Hélder Ferreira.
O 2x0 adequava-se mais à tendência do jogo, os golos seguintes também não caíram nada mal. O 3x0 chegou logo depois, com Eustáquio a ver a bola chegar-lhe às portas da grande área e a premiar os adeptos com um momento de espetáculo, a coroar uma exibição de imensa classe do médio. Perto do fim, houve ainda tempo para Uilton apontar o 4x0 (a segunda assistência de Hélder Ferreira) e selar uma goleada sem contestação.
Quatro golos sem resposta e se ainda não chegou o momento de fazer os planos para noites históricas contra o Tottenham... parece quase impossível que esse momento não venha a chegar.
Liderados por um grande Stephen Eustáquio no meio-campo, os pacenses mostraram desejo de dominar o encontro e qualidade para tal. Com melhor definição em alguns lances podia até ter sido uma goleada à antiga... seja como for, uma vitória inequívoca.
As debilidades dos norte-irlandeses foram evidentes na primeira fase de construção. Depois de o guarda-redes ter oferecido o primeiro golo a Denilson, o segundo surgiu também num erro do setor defensivo.