Há uma esperança renovada em Famalicão. Depois da tremenda época que terminou em desilusão na última jornada, a equipa passou por um turbilhão de emoções, chegou a temer o pior, mas, à entrada para a reta final, Ivo Vieira chegou como uma espécie de salvador para voltar a iluminar o caminho. Foi convidado, de forma natural, a cumprir contrato e voltar para uma temporada em que a fasquia volta a estar alta, muito por culpa do nível apresentado.
De tudo o que tem de interessante, este projeto traz um desafio especial ano após ano. Vários atletas regressam aos clubes de origem e outros, valorizados pelas boas exibições, são vendidos, como é o caso de Manuel Ugarte, com a saída iminente rumo ao Sporting. Os reforços ajudam a colmatar algumas destas saídas, com a sempre real possibilidade de a qualidade ficar longe da pretendida - tenha-se a primeira metade da última temporada como exemplo.
Heriberto Tavares e Ivo Rodrigues não são totalmente estranhos às zonas centrais do ataque, mas é a partir dos corredores que fazem a diferença. Apesar da equipa já se ter apresentado com o tal homem mais recuado no centro do terreno, Ivo Vieira mostrou anteriormente que gosta de uma referência no ataque do seu 4x3x3. As opções do meio campo também estão limitadas devido às várias saídas, pelo que será expectável que existam movimentações no mercado nesse sentido.
Um fator de realce é também a juventude deste plantel. Se olharmos para a média de idade dos atletas que o técnico tem à disposição, o número ronda os 22. Ainda mais surpreendente é o facto de o jogador mais velho ser Rúben Lima, com 31 anos. Se é verdade que este número pouco importa na teoria, é certo que todas as equipas procuram um equilíbrio entre experiência e irreverência e aqui não será exceção.
Falar de objetivos para este Famalicão pode traiçoeiro e os últimos anos comprovam-no. O desejo europeu é assumido pelos dirigentes do clube e, já depois de ultrapassadas as dificuldades da temporada passada, tiveram hipótese de o conseguir até à última jornada, mas o técnico vai querer gerir as expectativas. Se à falta de experiência juntarmos o ligeiro atraso em relação a alguns rivais no mercado, diríamos que é demasiado cedo para voltar a falar num Fama europeu. Ainda assim, tal como a história já ensinou, os famalicenses não são para ser descartados.
Já não é o jovem que apareceu como uma surpresa e que deliciou os adeptos. Agora, aos 21 anos, é um dos principais médios da Liga e muito mais do que apenas outro dos talentos a despontar em Famalicão. Com o peso de carregar a braçadeira de capitão, parte para a terceira temporada como sénior com o objetivo de liderar a equipa e continuar a crescer como jogador.
O grande obreiro da recuperação na temporada passada. Voltou a Portugal para salvar uma equipa que parecia ter perdido o rumo e quase chegava a lugar europeu. Agora terá uma nova tentativa para o conseguir, partindo do mesmo ponto que os adversários. Anseia por uma temporada esclarecedora com um objetivo europeu para cimentar ainda mais o seu nome na lista dos bons técnicos do nosso país.