Chega a tão aguardada glória da Argentina no futebol internacional, que já não aparecia desde 1993. Messi ficará com as manchetes, do troféu internacional que marca a carreira de uma glória eterna, mas foi o esforço coletivo que ditou a vitória sobre o Brasil nesta final da Copa América.
É a maior competição de seleções da América do Sul, e como tal não deveria surpreender um futebol... sul-americano Pelo menos nos minutos iniciais, com a ansiedade e pressão que um jogo de tal dimensão traz. Houve muitas faltas e algumas delas duras, num futebol que se fez de rasgo individual - os calções de Neymar que o demonstrem -, com os médios de ambas as equipas a apostar no drible para ganhar metros, em oposição ao passe.
Num Maracanã vazio para os padrões habituais, com apenas oito mil convidados nas bancadas, a Argentina colocou-se à vontade e foi crescendo à medida que os nervos acalmaram e o jogo melhorou. Competente no momento defensivo, a albiceleste foi a força mais competente do jogo, mesmo com a marcação cerrada na sua individualidade mais forte. Lutou, criou, e à primeira oportunidade aproveitou.
O golo colocou a pressão do lado brasileiro das trincheiras, mas a canarinha não estava a encontrar facilidade em ultrapassar a barreira defensiva do seu rival, num jogo de poucas ocasiões. Médios estavam recuados, e com Everton Cebolinha anónimo e Richarlison mais focado em tarefas defensivas, Neymar esteve sempre isolado. Foi só no segundo tempo que ameaçaram uma história diferente.
A entrada de Firmino para o lugar de Fred permitiu à formação de Tite crescer, com Paquetá a aventurar-se em tarefas ofensivas. Richarlison marcou, na primeira chance flagrante do Brasil, mas estava em posição irregular e a procura pelo empate continuou em marcha, com os minutos a passar e a pressão a aumentar novamente.
A esperança de resposta estava em Neymar, mas o dínamo brasileiro teve de recuar muito para ter bola e nem sempre criou perigo. A maior chance foi de bola parada, com o cruzamento a sobrar para o recém-entrado Gabigol, mas Emi Matínez estava atento e segurou a vantagem.
Competente, claro, mas muitas vezes longe do jogo e só beneficiou de uma ocasião nos instantes finais finais, que desperdiçou com uma tentativa de drible que saiu completamente ao lado. Noutro dia podia ter sido um ponto de viragem, com um empate tardio ou enredo semelhante, mas nesta madrugada de verão não foi essa a história.
Mesmo sem impacto direto no jogo, o apito final foi tiro de partida para toda a comitiva correr em direção do seu Messias, que estático recebeu o abraço de uma nação. Seguiu-se a consagração, e o merecido erguer de um troféu.
Messi, Messi e Messi. Foi essa a repetitiva história do pré-jogo, que se desvaneceu ao longo dos 90 minutos com uma completíssima exibição da seleção das pampas, em particular no lado defensivo e no controlo do jogo. O camisola 10 foi melhor jogador da prova, mas na história do jogo decisivo há igualdade no mérito argentino.
O histórico caseiro do Brasil na Copa América era imaculado, com cinco troféus em cinco competições organizadas, mas fica agora manchado por uma exibição insípida no Maracanã. Não foi tão mau como em 2014 no Mundial, pois tal seria impossível, mas a fraca reação brasileira com tanto tempo em desvantagem não é apenas mérito do adversário.