O Gaspacho serve-se frio, tal como a vingança, e nesta tarde andaluza (de onde origina a versão espanhola desta sopa) a roja vingou-se a si própria ao marcar todos os golos que não entraram nos últimos jogos. Venceu, em bom estilo, qualificando-se para os oitavos de final do Euro 2020 como segundo classificado do Grupo E. A Eslováquia, por outro lado fica pelo caminho como um dos piores 3ºs.
A Espanha ainda começou ao estilo que habituou os adeptos do Olimpico de La Cartuja nos últimos jogos (com muito desperdício, isto é), mas por fim a equipa de Luis Enrique entrou nos eixos e venceu de uma forma bem mais esclarecedora do valor real da equipa, com um 0x5 no marcador.
2.ª grande penalidade desperdiçada pela 🇪🇸Espanha neste Euro 2020 (Gerard Moreno e Morata)
⚠A Espanha já falhou 7 grandes penalidades em Campeonatos da Europa (em 11 tentativas - falhou 64% dos penaltis que beneficiou) pic.twitter.com/xE3G4ioTZe
— playmakerstats (@playmaker_PT) June 23, 2021
A fraca capacidade de finalização tem sido destaque na história de Espanha neste Campeonato da Europa. Para atingir o clímax nesse enredo, só mesmo se a roja desperdiçasse uma grande penalidade pelo segundo jogo consecutivo... E foi precisamente isso que aconteceu.
Foi logo aos nove minutos de jogo que Koke caiu na área e que Bjorn Kuipers assinalou o castigo, após consultar o VAR. Foi chamado a cobrar Morata, que embora não tenha sido ele quem falhou o penálti anterior - foi Moreno - foi certamente alvo de enormes críticas pelo desperdício ao longo dos dois primeiros jogos. O azar do avançado foi a sorte de Dubravka, que adivinhou o lado e fez uma enorme defesa para manter o nulo, muito cedo num jogo que seria sempre decisivo para ambas as seleções.
Sarabia atirou à trave de muito longe e a Dubravka coube fazer o caricato: na tentativa de limpar a bola que ia cair, o guardião, de frente para a sua baliza, fez um auto-golo que mais parecia um remate de voleibol.
A Eslováquia jogava pouco apoiada e quase nunca conseguiu chegar ao ataque, num jogo em que Espanha dominava sem criar ocasiões. Ao contrário do habitual, os espanhóis fizeram pouco com muito e acabaram por duplicar a vantagem ainda antes do intervalo, em mais um mau lance de Dubravka. O guardião saiu da baliza mas não ganhou o lance a Moreno, que cruzou para o primeiro golo de Laporte pela seleção.
Diz quem de golos percebe que estes são como o ketchup. Se a Espanha vingou o seu passado de poucos golos com o gazpacho andaluz, então na segunda parte entrou na conversa um outro alimento à base de tomate. Condimento, neste caso.
Sarabia, que já tinha sido influente no primeiro tempo, voltou a marcar ao minuto 56. Morata saiu, sem marcar, mas os aplausos conseguiram calar os assobios num belo momento do público espanhol, que seria apenas superado pela entrada a todo o gás de Ferrán Torres, que fez o 0x4 no espaço de um minuto apenas.
A Espanha continuou a insistir e ainda encontrou mais um golo. Pau Torres, recém-entrado depois de titular nos outros jogos, cabeceou para o derradeiro tento, que seria eventualmente atribuído a Kucka (auto-golo). A campanha roja pedia bem mais, e eis que chegou tudo.
O jogo ficou 5x0, favorável aos espanhóis, mas não é por isso que os adeptos estiveram bem. Aliás, entram neste destaque pela sua reação ao que de mal aconteceu. Depois de duas exibições abaixo da média, com muito desperdício, Morata desta vez falhou uma grande penalidade. A sua saída prematura foi acompanhada de alguns assobios, que rapidamente foram abafados por uma enchente de aplausos ao avançado da Juventus. Belo momento dos adeptos!
A Eslováquia não era favorita, longe disso, mas certamente não esperava sair do Olimpico de La Cartuja com o resultado mais desnivelado deste Euro 2020. Um ataque sem qualquer ocasião perigosa, um meio campo completamente engolido pelos espanhóis, uma defesa que permitiu tudo e, por fim, um guarda-redes que iniciou o descalabro eslovaco. Tudo, mesmo tudo, correu mal.