Não era a favorita, provavelmente também não seria a segunda mais forte, em teoria, mas a Suécia acabou o grupo E na liderança, justificada por mais uma vitória e por outra demonstração de superioridade. Não foi mais simples porque a qualidade individual de Lewandowski desafiou o destino, mas no fim (golo nos descontos) haveria justiça para quem foi mais equipa. Paulo Sousa sai do Europeu sem qualquer brilho.
Líder do grupo à partida para a última jornada, a Suécia tinha um claro ascendente emocional pela menor pressão. No fundo, trabalhava pela melhor posição num apuramento que já estava assegurado, o que, por si só, já era um aspeto motivador. O que poderia ser melhor do que um golo ao segundo minuto de jogo? Forsberg furou pela deficiente defesa polaca, numa demonstração do aproveitamento de uma entrada completamente desconcentrada da equipa de Paulo Sousa, e tombou ainda mais a balança para o lado nórdico.
Em parte, essa estratégia nórdica teve sucesso, se bem que com um grande susto pelo meio. Num canto, Lewandowski conseguiu a incrível proeza de cabecear duas vezes seguidas à trave, não conseguindo um golo que relançaria com mais tempo os polacos para a discussão da vitória.
Também podia ter sido a acabar a primeira parte, num remate de fora da área de Zieliński, ou a começar a segunda, quando o mesmo camisola 20 voltou a ver Olsen brilhar em grande defesa. Pelo meio, um deserto de lances dos amarelos, muitos cantos para a Polónia e a sensação de que a Suécia estava mais talhada para a felicidade.
Mais ficou quando, no primeiro quarto de hora do segundo tempo, se viu a fase mais perigosa dos rapazes de Janne Andersson. Se Quaison e Isak estiveram muito perto de marcar, Forsberg conseguiu mesmo, numa fantástica arrancada de Kulusevski (incompreensível porque é suplente) que o camisola 10 finalizou com muita qualidade.
Parecia tudo sentenciado: a Suécia em primeiro, a Polónia em último. Só que Lewandowski, qual reanimador em momento delicado, deu nova vida à equipa. Primeiro, fez um golaço em arco. Depois, recebeu na área com mestria e finalizou com frieza.
Para quem vinha de um moralizador empate contra a Espanha, esperava-se mais, se bem que nas explicações também estará a qualidade da Suécia, uma das melhores novidades desta fase de grupos. Teve o bónus que, pela segunda parte, mereceu, ao conseguir a vitória nos descontos, em mais um lance de Kulusevski, desta vez finalizado por Claesson.
Acabou por ser o melhor em campo, apesar de ter sido preciso nos últimos minutos. Quando saiu, levou dois golos no bolso e voltou a mostrar-se a um bom nível, como demonstraram não apenas esses lances, mas os vários em que participou com qualidade.
Se a equipa esteve viva até ao fim foi porque Lewandowski é um dos melhores avançados do Mundo e disfarçou os inúmeros problemas de uma equipa que, apesar da qualidade de vários executantes, revela em doses industriais. A eliminação é um castigo, mas merecido.