Num jogo onde estava tudo em jogo para as duas seleções, Modric mostrou o porquê de ser a figura maior da Croácia e conduziu a restante orquestra croata a uma vitória por 3x1 frente à corajosa Escócia, carregando a sua seleção para os oitavos de final do Euro 2020.
Era o jogo do tudo ou nada para croatas e escoceses. Com apenas um ponto cada e a ocuparem o 3º e 4º lugar, respetivamente, do Grupo D deste Euro 2020, Croácia e Escócia sabiam de antemão que apenas a vitória interessava. Isto porque ganhando, qualquer uma das duas seleções garantia desde já a presença nos oitavos de final. Caso empatassem ficavam as duas de fora da prova já.
Do lado croata, o selecionador Zlatko Dalic foi quem mais mexeu na equipa, fazendo quatro alterações em relação ao onze titular do empate com a República Checa (1x1) e promovendo as entradas de Juranovic, Brozovic, Vlasic e Petkovic, para os lugares de Vrsalijko, Kramaric, Brekalo e Rebic. Do outro lado, Steve Clarke fez apenas uma alteração, forçada, em relação aos titulares do empate (0x0) com Inglaterra, com a saída de Billy Gilmour, que testou positivo à covid-19, para a entrada de Stuart Armstrong.
A jogar em casa, em Glasgow, a Escócia foi galvanizada pelos seus adeptos - que quase nunca pararam de entoar cânticos de apoio - praticamente desde o primeiro minuto e entraram bastante pressionantes e intensos na partida, à semelhança do que tinham feito frente aos ingleses, dificultando a saída de bola e o jogo apoiado croata. Essa pressão trouxe frutos a nível ofensivo e os escoceses estiveram perto de inaugurar o marcador nos primeiros minutos, por intermédio de Che Adams - o mais atrevido no ataque -, mas Livakovic estava atento.
⌚️35' CRO🇭🇷 1-0 🏴SCO
🇭🇷Ivan Perisic reforça o estatuto do 👑rei das assistências em fases finais pela 🇭🇷Croácia:
5 🇭🇷Ivan Perisic
3 🇭🇷Asanovic
3 🇭🇷Jarni
3 🇭🇷Pranjic
2 🇭🇷Brozovic
2 🇭🇷Modric pic.twitter.com/vF0qGcEED4
— playmakerstats (@playmaker_PT) June 22, 2021
Contudo, os escoceses tiveram dificuldade em prolongar essa intensidade por muito tempo e assim que o ritmo de jogo baixou foi a Croácia quem saiu a ganhar, uma vez que pôde ter mais bola no pé e mais tempo para as movimentações dos seus homens mais adiantados. Por isso mesmo, não foi de estranhar, e foi com alguma naturalidade, que o golo croata chegou ao minuto 17. Num lance aparentemente inofensivo, a Croácia aproveitou alguma passividade adversária para circular livremente entre corredores e, ao chegar ao último terço, cruzar desde a direita. Ivan Perisic saltou mais alto que os adversários, amorteceu para Vlasic e o médio do CSKA teve tempo para tudo, recebeu e atirou para o golo inaugural.
O golo obrigou a Escócia a voltar a balancear-se para o ataque e isso deu espaço ao maestro Modric para controlar o ritmo do jogo no miolo e o médio do Real Madrid foi tentando fazer passes de rotura para o trio ofensivo croata. Do outro lado, a Escócia durante largos minutos não conseguia mais do que utilizar Dykes como pivot ofensivo para um jogo mais direto, embora não tivesse dificuldades em colocar um aglomerado de jogadores junto à área adversária.
Com o regresso dos balneários, as duas equipas sabiam que o resultado em vigor (1x1) não era útil a ambas e que havia que fazer algo para chegar à vantagem no marcador. A Escócia voltou a repetir a fórmula do arranque da 1ª parte, entrou intensa na procura da recuperação de bola e dificultou a vida dos croatas, embora sem criar oportunidades. No entanto, do outro lado, a Croácia melhorou no que toca aos movimento de roturas dos seus jogadores laterais e com Modric na batuta começaram a surgir as oportunidades, primeiro por Gvardiol e depois por Perisic.
⌚️75' CRO🇭🇷 2-1 🏴SCO
🇭🇷Modric é o primeiro médio a marcar em 3+ Europeus:
🇵🇱Lewandowski
🇵🇹Cristiano Ronaldo
🏴Rooney
🇸🇪Ibrahimovic
🇵🇹Postiga
🇵🇹Nuno Gomes
🇫🇷Thierry Henry
🇨🇿Smicer
🇩🇪Klinsmann pic.twitter.com/ofGhg8VW9e
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A Escócia voltou a apostar na subida dos seus alas e na incorporação dos seus médios junto dos dois avançados e isso dificultou o posicionamento defensivo dos croatas, mas na frente a Croácia soube «congelar» o ritmo de jogo e sempre que se aproximava da área contrária não tinha problemas em circular entre corredores e setores até abrir espaços e foi dessa forma que chegou à vantagem. Após trabalhar a bola bem na esquerda e puxar os centrais para aí, a bola chegou a Modric à entrada da área e o médio de 35 anos rematou de trivela e com um arco perfeito bateu o guardião escocês.
Seria de esperar que a Escócia respondesse após o golo, em busca de relançar novamente a partida, mas a Croácia foi gerindo o momentum do jogo e foi com alguma naturalidade que, já nos 15 minutos finais, ampliou a vantagem, com Perisic a superiorizar-se aos seus adversários e a responder da melhor, ao primeiro poste, a um canto batido na esquerda por Modric. Este golo também silenciou por completo as bancadas do Hampden Park, que vinham sendo o 12º jogador escocês.
Nem sempre foi um jogo bem disputado, mas sempre que a Escócia mostrava toda a sua vontade e intensidade ou quando Modric salpicava o jogo com momentos de magia, o coração das bancadas e dos adeptos de futebol aquecia.
Embora com muita vontade, muita intensidade e muito apoio vindo das bancadas, era difícil aos escoceses apresentar melhor futebol face às suas características. Faltou gente na frente com frieza para dar um rumo diferente ao jogo.