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    A aventura de Reko na LaLiga SmartBank

    «Não sei se nós somos muito pequenos ou eles é que são muito grandes»: a realidade espanhola por quem a viveu

    2021/06/22 11:42
    E1

    Na temporada passada, Reko fez parte da equipa do Alcorcón que estabeleceu um recorde interno no que aos jogos fora diz respeito. Esta época, também na II Liga espanhola, o clube lutou até à última para consumar a manutenção numa das provas mais competitivas do futebol europeu.

    Terminado o contrato, o médio português voltou a conversar com o zerozero sobre a aventura na La LigaSmartBank e no conjunto da província de Madrid, passando por temas como o famoso Alcorconazo e a realidade do futebol do país vizinho.

    ZEROZERO: Porque se deu a separação com o Alcorcón?

    Reko
    AD Alcorcón
    Total
    30 Jogos  1213 Minutos
    1   8   0   02x
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    REKO: Quando fui para o Alcorcón assinei por dois anos mais um de opção. No final do primeiro ano falámos sobre a possibilidade de exercer a opção, mas acabou por não acontecer.

    ZZ: Situações naturais do futebol, portanto...

    R: Exatamente!

    ZZ: Como foi a aventura no clube e na cidade?

    R: O clube é pequeno, se tivermos em conta a realidade da II Liga espanhola, mas, ao mesmo tempo, é muito grande. Quero com isto dizer que é um clube que tem tudo. Dá todas as condições aos jogadores para fazerem o seu trabalho. Pode parecer um pouco clichê dizer isto, mas lá criam mesmo uma família. As pessoas são muito acolhedoras e simpáticas. Dentro do clube é tudo assim, desde o cozinheiro ao nutricionista, passando pelo pessoal do marketing… Isso faz com que te sintas em casa e bem. Por isso é que digo que é um clube grande. Quando andamos na rua, os adeptos, ou pelo menos aqueles que te reconhecessem, estão sempre a apoiar e são muito carinhosos connosco. 

    ZZ: Em Espanha há muito o sentimento bairrista. Sentiste isso lá, mesmo sendo um clube modesto?

    R: É um clube modesto, mas com um forte investimento por trás. O proprietário do Alcorcón é o mesmo do Estoril-Praia e tem vários clubes na Bélgica, na Arábia Saudita, no Qatar… Tem um poderio enorme. O objetivo do Alcorcón é a estabilidade e a verdade é que tem conseguido, apesar deste ano ter atingido a manutenção no último jogo. Mesmo assim, nunca nos faltou nada. Apoiaram-nos sempre, estiveram sempre do nosso lado e sempre acreditaram em nós.

    ZZ: Tenho de te perguntar isto sobre o Alcorconazo (vitória por 4x0 sobre o Real Madrid na Taça do Rei). Eles devem falar muito disso, não?

    R: Falam, sim. Com imenso orgulho. Até te posso confessar isto, que na altura acabou por não avançar. Eles queriam, há uns tempos, colocar no símbolo e até nas camisolas algo relativo a esse famoso jogo dos 4x0. Foi um feito muito grande. Mas alguém dentro do clube não queria que o Alcorcón ficasse apenas conhecido por isso porque o maior feito do clube não podia ser só esse. Então houve alguma discórdia e acabou por não avançar. No estádio há muitas imagens alusivas a esse jogo. 

    ZZ: Para todos efeitos ganharam a um Real Madrid de vedetas…

    R: Sim, sim. O Cristiano Ronaldo já fazia parte do plantel, mas não jogou. Era um plantel fortíssimo, sendo que jogaram Kaká, Benzema, Marcelo, Raúl… Eles falam disso como um motivo de orgulho enorme. 

    Mesmo perdendo na segunda-mão, o Alcorcón seguiu em frente ©Getty / JAVIER SORIANO

    ZZ: Em Espanha, a mentalidade é diferente da nossa? Ou seja, é um passo atrás na carreira trocares um clube que luta para não descer da Primeira por um da segunda?

    R: Em Espanha, um jogador que sai da Primeira Liga emprestado para a Segunda nunca vê isso como um passo atrás na carreira. Pelo contrário, veem como um passo em frente. Sabem que vão para a II Liga jogar e mostrar-se num campeonato muito competitivo e com muita visibilidade. Fazem questão, inclusive, de não diferenciar ‘Liga 1’ de ‘Liga 2’. Quando falas do campeonato, dizem sempre ‘a LaLiga’. Não há hierarquia, basicamente. Os próprios anúncios que passam na televisão relativos à II Liga são sempre em alusão à LaLiga. Por muito que a LaLiga Santander [I Liga] e a LaLiga SmartBank [II Liga] sejam distintas, eles fazem questão de agregar tudo num só para que não haja a distinção natural. 

    ZZ: Presumo que não terias qualquer problema em fazer isso.

    Reko representava a Académica antes de ir para Alcorcón ©Rogério Ferreira / Kapta+
    R: Vou-te dar um exemplo. Se estivesse na I Liga e num Levante, por exemplo, e soubesse que não ia ter espaço e a ideia era emprestar-me para um clube como o Alcorcón, eu aceitava. Sabia que ia jogar, acima de tudo, e que ia para um contexto muito favorável. Em Portugal, se estiveres num clube de I Liga e és emprestado para uma II Liga sabes que podes encontrar alguns problemas: pagamentos de salários, condições de trabalho… Na II Liga espanhola não há isso. Todos os clubes têm ótimas condições.

    ZZ: E dinamizam as Ligas como poucos!

    R: Eles fazem mesmo questão de promover os jogadores. Querem transmitir a ideia de que tu és diferente dos outros porque jogas na LaLiga. Todos os jogos da II Liga espanhola têm transmissão televisiva. Só para teres noção, cada clube recebe cerca de cinco milhões de euros anuais por isso mesmo. Então em Portugal… Imagina, com todo o respeito do mundo, equipas como Vilafranquense, UD Oliveirense, Varzim e até a Académica, onde joguei, receberem um valor desses. Seria uma diferença brutal.

    ZZ: Isso demonstra que somos assim tão pequenos e que não nos sabemos promover?

    ©D.R
    R: Não sei se nós é que somos muito pequenos ou eles é que são enormes [risos]. Aqui em Portugal, se tiverem que optar por um português ou um jogador de outra nacionalidade que, por qualquer motivo, te pode oferecer mais vantagens financeiras, eles entram por essa via. Em Espanha, optam sempre pelo jogador do país. Ou és mesmo bom e fazes a diferença ou eles não querem saber de ti e apostam na ‘prata da casa’.

    ZZ: E não é qualquer Liga secundária que se dá ao luxo de ter jogadores internacionais por muitos milhões...

    R: Olha, a título de exemplo, para o caso do Darwin Nuñez. O SL Benfica comprou-o por mais de 20 milhões de euros. Até mesmo o Sadiq, o substituto dele, brilhou no Almería e o Valencia também está interessado. Não se fala em 100 ou 200 mil euros, fala-se em 15 ou 20 milhões de euros.

    ZZ: E o teu futuro?

    R: Para ser honesto, depois da experiência que tive, gostava de continuar no futebol espanhol. Gostei imenso e já estou ambientado. No entanto, como terminei contrato estou aberto a qualquer possibilidade seja em Portugal, Espanha ou outro sítio, porque sou profissional. 

    Portugal
    Reko
    NomeLuís Manuel Gonçalves Silva
    Nascimento/Idade1995-07-25(28 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    PosiçãoMédio (Médio Centro)

    Fotografias(49)

    Liga 2 SABSEG: Penafiel x FC Porto B

    Comentários

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    motivo:
    WI
    reko
    2021-06-22 15h35m por Wise
    bom jogador para a maioria das equipas da 1 liga portuguesa.
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