Sem travão, sem medo!

Que estado invadiria o adepto português ao saber que há jogo na Alemanha, contra a própria Alemanha, numa fase tão curta como perigosa como a fase final de um Europeu? Muito provavelmente, receio, insegurança, medo, desconfiança, pessimismo. Pois bem, esses são sentimentos passados, diz-nos a história recente. Portugal conquistou o direito a poder, nas antevisões, não se considerar previamente inferior a quem quer que seja. E, por mais que a Alemanha concentre em si um poderio histórico fabuloso, o campeão em título está do outro lado.

E, para lançar este jogo, nem há tanta tendência para se olhar a pergaminhos. Salta à vista, no grupo mais duro deste Euro, onde estão os dois últimos campeões mundiais e o último campeão europeu, a delicadeza do momento alemão, após a derrota com a França e o perigo que este jogo acarreta. De Munique, o máximo que pode acontecer é sair daqui uma equipa eliminada e, matematicamente, não pode ser Portugal...

Ora, este é um aspeto que conta. Muito. Tal como conta a questão da impercetibilidade do estado atual das coisas na mannschaft. Löw começou por liderar a renovação da seleção, em 2018, optando por começar a fazer chamadas com médias de idades mais baixas e abdicando de consagrados como Hummels ou Müller... que agora tiveram de voltar... quando o selecionador está de saída. No fundo, a renovação está a ser um fracasso (neste período, a Alemanha desceu de divisão na Liga das Nações, sendo depois salva por uma reformulação da competição), as estrelas emergentes tardam em corresponder e o selecionador, que há anos deixou de ter o estado de graça conseguido em 2014, viu-se na necessidade de recuperar nomes que estavam riscados - e que não estiveram propriamente bem na primeira jornada.

Momento alemão é delicado ©Getty /

Sem pressão

É num contexto favorável, pois, que se encontra a seleção portuguesa. Longe de ter sido brilhante, a vitória em Budapeste acabou por ter contornos favoráveis ao otimismo e, por isso, agora nada mais se pensa do que em seguir em frente e continuar a defender o título de 2016.

Fernando Santos não vai ter o lesionado Nuno Mendes e não se espera que haja grandes mudanças. A nossa aposta vai para o mesmo onze, se bem que a troca de uma ou duas peças não seja, de todo, descabido - Rúben Neves, Rafa Silva e Renato Sanches estão à espreita da oportunidade.

Ora, e se o empate é um mal menor para os alemães, para os portugueses não poderá ser considerado mau. Ainda assim, a seleção está com corda suficiente para se aventurar na procura da vitória. Porque não?

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