É difícil falar do Euro 2020 e não olhar para a França como a grande favorita a levantar o troféu em Wembley e juntar a conquista da Europa ao título mundial arrecadado na Rússia em 2018. Didier Deschamps tem, no sentido literal da palavra, uma autêntica seleção, com jogadores de topo mundial em todas as posições. Chega a ser um desafio enorme colocar-se no lugar do técnico e escolher um onze, tantas são as opções.
Os nomes no papel não vencem jogos, é certo, mas a opinião parece ser consensual no que toca a escolher quem parte na frente. Desde o desgosto caseiro às mãos de Portugal em 2016, os gauleses sagraram-se campeões do Mundo e agora voltam ao Euro para recuperar um título que foge desde 2000, curiosamente com o atual selecionador em campo.
Não só de qualidade individual (que é muita, diga-se) vive esta seleção. Deschamps tem uma ideia concreta e beneficia de excelentes executantes para passá-la do quadro tático ao relvado. Para além disso, é importante destacar a capacidade de alterar os ritmos de jogo num clique. Em construção apoiada, com muita posse de bola e presença territorial no meio campo adversário, ou em transição, com velocistas na frente, estes Bleus são capazes de tudo um pouco.
Todo o processo ofensivo torna-se mais fácil com homens como Tolisso e Kanté no miolo. O campeão europeu pelo Chelsea é incansável, capaz de cobrir os espaços e recuperar a posse de bola em posições subidas. Vive um dos melhores momentos da carreira e é impossível ignorar a sua presença em campo. Há ainda Paul Pogba, que apesar da inconsistência, ainda possui o talento reconhecido por todos.
A melhor forma de apresentar uma candidatura ao título é com uma defesa muito segura e a França cumpre esse requisito. Como é já habitual, é com laterais de características mais defensivas que o técnico monta a sua equipa. Lucas Hernández e Benjamin Pavard já foram defesas centrais, mas atuam com facilidade nos corredores e ainda oferecem algumas soluções no processo ofensivo. A dupla Kimpembe-Varane oferece todas as garantias de proteção a Lloris. De forma geral, é difícil encontrar lacunas nesta equipa.
Os campeões do Mundo estão prontos para entrar em cena. No grupo da morte reencontram Portugal, o carrasco da última edição, para além de uma Alemanha ainda muito competente no encerrar de um ciclo e uma Hungria, clara outsider.
Ser a figura no meio de tanto talento diz muito do que é Kylian Mbappé. O avançado francês não precisa de grandes apresentações e não é um jogador com medo dos grandes palcos. Todos recordam-se da sua prestação no Mundial 2018, com apenas 19 anos. Três anos depois, está ainda mais completo e pronto para consolidar o estatuto de um dos melhores do mundo. Defesas, preparem-se...
Mentalidade vencedora. Já era assim como jogador e agora como selecionador. Deschamps tem um histórico internacional recheado de sucesso, que conta já com dois Campeonatos do Mundo (jogador e treinador) e um Europeu. Volta a ter uma oportunidade de conquistar a peça que falta e tem todas as condições para o fazer. Tudo o que precisa é de rentabilizar a qualidade que tem ao seu dispor.