Longe vão os tempos da Alemanha temível, a que se sagrou campeã do Mundo em 2014. Aquela que estava um passo à frente de todas as equipas, que parecia entrar em vantagem contra qualquer adversário, calculista, fria... Esta Mannschaft já não é a mesma, mas engane-se quem pensar que deixou de ser de topo.
Da última grande conquista sobram apenas cinco jogadores e até o selecionador, grande responsável pela força do país, vai cumprir a última prova no comando técnico. Aproxima-se uma mudança de ciclo, um novo capítulo, mas antes disso há uma competição por disputar e, quem sabe, vencer. Fechar com chave de ouro e em verdadeira forma germânica.
As peças podem ser outras, mas há uma característica que perdura e faz parte da identidade da Alemanha de Joachim Low. Posse de bola e domínio territorial com intensidade e uma velocidade elevada, capaz de quebrar uma defesa através de uma sequência de passes precisos num curto espaço de tempo. O segredo passa pela liberdade posicional dos homens da frente. O regressado Muller é uma autêntica máquina de trabalho e tem em Havertz um parceiro de características semelhantes. Complementada com a velocidade de Gnabry ou Sané, está montada uma frente de ataque temível.
Continuamos a recuar no terreno e podemos, discutivelmente, ter encontrado o setor mais débil desta seleção. Mais uma vez, longe de ser mau, antes pelo contrário, mas a defesa alemã já não é aquela com Lahm, Boateng e Hummels no ponto alto das respetivas carreiras. O central do Borussia Dortmund é o único resistente, mas agora com a companhia de Rudiger, Ginter e Gosens. Entre os postes, apesar de alguma polémica à mistura, Neuer é personagem principal.
Depois do título no Brasil, a Alemanha foi à meia-final em França (2016) e levantou a Taça das Confederações (2017), mas desde então, o percurso tem sido atribulado. Desde a desilusão na fase de grupos na Rússia, às participações falhadas nas duas edições da Liga das Nações, os resultados empurraram Low até à porta de saída. Antes de a fechar, tem o objetivo de conquistar um título que foge desde 1996.
Não por ser a grande figura da seleção, mas pelo momento de forma que traz consigo. Aos 30 anos, Gundogan protagonizou uma temporada astronómica, com uma preponderância tremenda no Manchester City. Cada vez mais presente nos vários momentos do jogo, o médio mostrou uma capacidade de aparecer em zonas de finalização e os 17 (!) golos falam por si.
O selecionador está ligado à última grande conquista alemã, quando dominou o Mundo em 2016, mas está também associado à crise (há quem lhe chame assim) que a Mannschaft. Por isso, vai dar deixar o cargo no final deste Euro, não sem antes tentar voltar a levantar um troféu com esta equipa. Com a competência de sempre, é bem capaz de o conseguir.