Impróprio para cardíacos. O clássico «chavão» do léxico futebolístico assenta que nem uma luva na luta que o Farense continua a travar conta a despromoção à Segunda Liga. Este sábado, na receção ao Tondela, só uma grande penalidade convertida por Ryan Gauld libertou a equipa de Jorge Costa (1x0) para três pontos que são bem mais do que «pão para a boca».
Foi boa a primeira parte no São Luís, em Faro, sobretudo porque o Farense não ficou à espera daquilo que o jogo - vital na luta pela manutenção - lhe podia dar. Os comandados de Jorge Costa quiseram, desde cedo, assumir as rédeas do próprio destino e, com isso, permitiram também que o Tondela tivesse espaço para um desafio aberto.
E foram precisamente os visitantes a criar a primeira ocasião de perigo na partida, aos 11 minutos, quando Pedro Augusto cabeceou para defesa apertada de Beto. Na resposta, o perigo rondou a baliza tondelense na sequência de um livre direto; Jonatan Lucca esteve perto de festejar, mas Babacar Niasse respondeu com um voo soberbo.
À boa entrada do Farense, o Tondela respondeu com o assumir do jogo no Algarve. A equipa de Pako Aysterán cresceu com os minutos e foi tendo as melhores ocasiões para se adiantar no marcador nos minutos seguintes. Tomislav Strkalj e Salvador Agra ameaçaram, mas seria o Farense a ficar perto do golo antes do intervalo, com Pedro Henrique a acertar no ferro da baliza de Niasse.
A estatística ao intervalo ajudava a perceber a história do jogo, que viu a bola mais tempo nos pés dos tondelenses e um total de 17 remates entre as duas equipas. Golos é que...
Sabendo que a tarde no São Luís podia ditar, desde logo, a sentença da descida, o Farense regressou dos balneários com fome para fazer a parte que lhe tocava na luta pela salvação. Ryan Gauld, o capitão, tratou de dar o exemplo e aos 46 minutos só um corte "in extremis" de Filipe Ferreira, praticamente em cima da linha de golo, evitou a vantagem algarvia.
O mesmo Gauld voltou a tirar as medidas à baliza de Niasse, aos 58 minutos, mas o remate do escocês saiu ligeiramente ao lado. Com o nulo a prevalecer, as notícias que chegaram do Bessa pouco depois não terão deixado Jorge Costa e companhia mais tranquilos, uma vez que o Boavista se adiantava no marcador diante do Portimonense. A luta à distância ganhava contornos dramáticos.
Até que aos 73 minutos, o momento do jogo em Faro. Salvador Agra corta a bola no duelo com Ryan Gauld dentro da área do Tondela, mas no seguimento do movimento atinge o capitão do Farense. Após longa análise no monitor, Luís Godinho decidiu assinalar grande penalidade, que o próprio Ryan Gauld converteu para o golo de ouro dos algarvios.
O sangue «ferveu» no relvado do São Luís e Salvador Agra, incrédulo com a decisão da equipa de arbitragem, protestou até ao limite da expulsão e Luís Godinho puxou mesmo do cartão vermelho direto para o experiente extremo português.
Tem sido a grande figura do Farense ao longo da época e em mais um jogo decisivo para o futuro dos leões de Faro o escocês voltou a estar à altura. Foi ele o propulsor dos melhores momentos da equipa da casa e acabou por ser decisivo no resultado final, ao sofrer a falta que originou a grande penalidade que ele próprio converteu.
Por muita injustiça que possa ter sentido, a experiência e o estatuto de Salvador Agra no futebol português «obrigavam-no» a um melhor controlo emocional no momento em que viu Luís Godinho assinalar a grande penalidade sobre Ryan Gauld. Os protestos incessantes e veementes acabaram por resultar no vermelho direto.
Momento difícil aos 73 minutos, quando Salvador Agra e Ryan Gauld chocam na área do Tondela. O lance é de difícil interpretação, uma vez que Agra joga claramente a bola e só no seguimento do lance atinge o médio do Farense. A decisão aceita-se mas não deixa de ser uma decisão com muita polémica à mistura.