A Superliga Europeia, competição recentemente anunciada pelos 12 clubes fundadores, continua a ser motivo para muita discórdia no panorama mais alto do futebol Mundial. Entre os principais opositores está a própria UEFA, cujo presidente Aleksander Ceferin, que já tinha confirmado enormes proibições para os atletas participantes, voltou a falar esta tarde numa conferência de imprensa sem precedentes.
«As equipas vão sempre qualificar-se e competir nas nossas provas com base no mérito, não pela ganância de alguns. Estamos unidos contra este disparate de projeto. Temos as federações inglesa, espanhola, italiana, FIFA, todas as 55 federações unânimes contra este plano», começou o esloveno, que apelidou os clubes fundadores de Dirty 12 [12 sujos], talvez numa referência ao filme Dirty Dozen, de 1967.
«Acredito que as mudanças que vamos anunciar são as necessárias. Quero sublinhar algo que os fãs não sabem. A UEFA devolve cerca de 90 por cento de todas as receitas para o jogo. Quem pensa que a Superliga é sobre dinheiro e a UEFA também, está enganado», atirou. Ceferin deixou ainda uma mensagem direta aos clubes fundadores da Superliga:
«Pensem bem, pensem que o futebol é para os jogadores e adeptos, não é sobre os lucros dos donos. Seria um grande passo se um desses clubes admitisse que cometeu um erro. Não percebo como podem ver todos os seus adeptos a protestar e não ligar. Consigo entender que alguns foram pressionados a assinar, mas é o momento de recuar», atirou, antes da machadada final: «Quem respeitar os adeptos, sai imediatamente»
Champions sem esses clubes: «Há muitos clubes bons e adeptos fiéis na Europa. Aprovámos hoje as mudanças, vamos fazer a Liga dos Campeões com ou sem eles».
Novos moldes das competições UEFA: «A nossa competição é aberta, uma equipa pode qualificar-se para ela. Isto é uma competição completamente fechada, não se pode comparar estas mudanças com as mudanças de 1992. Não confiaria muito nos comunicados de imprensa de organizações fantasma».
Negociação com clubes da Superliga: «A reforma que aprovámos hoje é a que acreditamos ser a melhor para o futebol europeu e vamos mantê-la. Não começámos negociações, eles enviaram uma carta a pedir uma reunião urgente, mas não achámos que fosse urgente. Recebi uma carta assinada não sei por quem, que não tinha nome, talvez fosse uma super-pessoa».
Possível regresso dos 12 clubes: «Não digo que não podem voltar, que estão banidos para sempre, mas a forma como agiram foi terrivelmente errada. Todos sabemos disso. Não é preciso um grande QI para saber isso. Sabemos como a nossa competição vai ser, negociámo-la por 247 clubes, com as federações e no fim aparece alguém a dizer que vamos começar a negociar. Só quero que nos respeitem e até agora não vi isso. O presidente da organização com 247 equipas (ECA) fugiu dessa organização [Andrea Agnelli]. Nunca vi algo assim na vida. Os jogadores vão pensar duas vezes antes de assinarem por um clube como esses».
Clubes banidos das ligas domésticas: «A decisão é das ligas domésticas, mas estamos em contacto com elas. Tenho a certeza de que vão seguir o mesmo que nós seguirmos, dentro das leis. Tenho profundo respeito pelos jogadores e treinadores que dizem claramente 'não' a esta ideia».