Alvibranco 25-04-2024, 09:39
Desde que chegou ao Benfica, Marcel Matz conheceu muito poucas vezes o sabor da derrota. Em três anos, o técnico brasileiro orientou a equipa encarnada em 129 jogos, venceu 117 e levantou seis troféus... O mais recente foi no passado fim de semana, frente à Fonte Bastardo: o nono título de campeão nacional de voleibol na história do Benfica.
Numa época em tudo atípica, depois de uma temporada que não chegou a ser concluída, o Benfica conseguiu protagonizar um Campeonato quase perfeito.
Em entrevista à BTV, o treinador que já entrou para a história do Benfica, falou sobre toda esta caminhada que começou em 2018/19. Abordou as superstições antes dos jogos, a final frente à Fonte Bastardo, a Taça que fugiu para Alvalade, bem como os números impressionantes dos últimos três anos.
Superstições: «Não sou supersticioso ao extremo, mas em algumas coisas, quando acontecem e correm bem, repito... Tenho um porta-chaves que os meus filhos fizeram que trago sempre, o meu cartão do Benfica também levo sempre para os jogos, as canetas ficam sempre no lado direito. Tenho alguns padrões... No jogo contra o Sporting [jogo 1 da meia-final] eu marquei a camisola e usei sempre a mesma até à final, nunca perdeu! Foi sorte [risos] e muita competência dos jogadores».
Final ganha em três jogos: «Não, não pensava vencer os três jogos [da final com a Fonte do Bastardo]. O nosso papel é estar sempre desconfiado e ficamos sempre preocupados com as reviravoltas e oscilações do jogo, não questionando as capacidades da nossa equipa, mas são coisas do desporto e estávamos preparados para um confronto muito duro e longo. E estávamos bem preparados. Quando se aproxima a fase final aumenta a pressão e também é preciso controlar a ansiedade para continuar a trabalhar bola a bola».
Os três jogos: «O primeiro jogo [da final] era importante para nós, era em casa, conseguimos jogar bem, mas dois sets foram bem apertados, sempre a correr atrás, e foi um jogo difícil. Depois fomos para os Açores e a responsabilidade dos jogos em casa passou a ser deles. O jogo dois era um jogo-chave porque, em caso de vitória, pelo menos podíamos trazer para casa a decisão, num jogo quatro. Jogámos quase sempre bem e fomos superiores. No jogo três, era o tudo ou nada para eles, e para nós bastavam três sets para sermos Campeões. Estava um clima no Pavilhão já com alguns adeptos, com pressão, barulho e soubemos segurar».
A derrota na Taça: «Não querendo soar como desculpa, mas existem algumas provas em que os sorteios facilitam mais um ou outro lado... e já tivemos mais sorte em sorteios passados. Na Taça de Portugal tivemos um confronto logo com a Fonte do Bastardo e de forma alguma queríamos perder esse jogo porque já tínhamos duas derrotas com eles e não queríamos ter outra e entrar nessa onda. Esse jogo, no sábado, foi muito forte, e fomos ganhar contra um adversário que até nos tinha causado mais dificuldades do que o Sporting. Exigiu muito física e mentalmente de nós. Na final jogámos contra o Sporting, demos o nosso melhor, mas não conseguimos vencer. Não fomos consistentes. Perdemos a Taça, mas depois demos a volta no play-off do Campeonato. O nosso maior objetivo era sermos Campeões Nacionais e conseguimos. Isso mostra a capacidade, a vontade de vencer deste grupo, muito forte, e que mostrou exatamente o que consegue fazer».
A importância da estrutura: «Estávamos bem encaminhados na época passada e tudo parou! Mantivemos o projeto para finalizar... passámos por algumas reestruturações, mas todos concordaram em terminar essa história. O grupo manteve-se forte, coeso, sabendo o valor que tem, para enfrentar a Fonte do Bastardo, que também manteve a estrutura, e o Sporting, que veio com uma equipa nova e que cresceu. Sabíamos até onde podíamos chegar, qual era o valor do nosso grupo e mostrámo-lo».
A bolha que evitou a paragem: «Não sei quantos casos tivemos de Covid-19, mas conseguimos fazer uma paragem e não entrar em confinamento quando tivemos um caso e não entrámos em contacto com ele. Foi uma época em que jogámos todos os jogos, não parámos em função da Covid e é também de louvar o cuidado que todos tiveram. Dentro das modalidades fizemos muitos testes e conseguimos manter-nos seguros durante todo o tempo».
129 jogos, 117 vitórias e 12 derrotas em 3 anos: «O grupo é montado para conseguir esses números. Todo o staff, grupo, jogadores têm capacidade para alcançar esses números. O grupo é muito forte e um dos melhores em Portugal. É um grupo vencedor. Trabalhar cada vez mais para manter esses números».
A paixão pelo Benfica e por Portugal: «Quem trabalha aqui, com esta estrutura, não tem como não se apaixonar. Gosto de Portugal, gosto do Benfica e tento aproveitar ao máximo. Gosto de interagir com os adeptos. Ainda hoje uma senhora me parou na rua, deu-me os parabéns e perguntou-me porque não nos entregaram a Taça. Eu disse para não se preocupar, que o importante era sermos Campeões! Este grupo está na história do Benfica».