A seleção nacional feminina já está reunida na Cidade do Futebol para preparar os dois jogos decisivos frente à Rússia.
A equipa das Quinas, recorde-se, vai defrontar a seleção russa no play-off de acesso ao Campeonato da Europa de 2022, que se vai realizar em Inglaterra, e a equipa vencedora leva um dos três últimos bilhetes de acesso à competição.
Depois da protagonizar a melhor fase de qualificação de sempre, Portugal chegou a esta fase como um dos seis melhores segundos lugares da qualificação, juntamente com Rússia, Ucrânia, Suíça, República Checa e Irlanda do Norte...
Como em tudo, na hora do sorteio, havia adversários mais apetecíveis do que outros. A Rússia, atual 23º do ranking FIFA, estava no lote daquelas a evitar...
Enquanto Portugal terminou no segundo lugar do Grupo E com seis vitórias, um empate e uma derrota (os dois últimos contra a Finlândia), a Rússia chegou a esta etapa com um registo idêntico: oito vitórias e duas derrotas, ambas contra a Holanda, atual campeã europeia.
Além disto, a Rússia surge também como umas das seleções presentes nesta fase com mais experiência em fases finais de grandes competições: sete presenças em Europeus e duas em Mundiais.
Se colocarmos de parte a questão do ranking, há outra questão que também não abona propriamente a favor da equipa das Quinas: o histórico de confrontos. Desde que foram criadas, estas duas seleções defrontaram-se em sete ocasiões e em todas elas o resultado foi sempre o mesmo: triunfo da Rússia.
O primeiro confronto foi em 1996 e o último em 2017. Em todos eles, Portugal nunca perdeu por mais de dois golos de diferença, mas também nunca marcou mais do que um golo...
Neste sentido, e de modo a compreender melhor o atual momento da seleção adversária de Portugal, o zerozero foi falar com Polina Dogunkova, blogger e especialista em futebol feminino russo, que nos explicou qual o panorama atual do futebol feminino na Rússia, bem como o que esperar de uma seleção cuja maioria das suas jogadoras atua no campeonato local.
«O futebol feminino na Rússia está a mudar. Alguns clubes estão a ficar maiores e mais fortes, enquanto outros vão à falência. No início do ano passado, Polina Yumasheva, filha de Valentin Yumashev, ex-conselheiro de Boris Yeltsin (ex-presidente russo), assumiu o cargo de presidente do comité de futebol feminino e, ao mesmo tempo, o campeonato nacional de futebol feminino mudou o nome para Superleague», começou por dizer Polina, realçando também a criação recente de equipas femininas por parte de clubes já com longo histórico no masculino - Zenit, Rostov FC e Rubin FC.
Já sobre a seleção em si, Polina explicou-nos que se trata de um grupo de jogadoras que atua principalmente no campeonato russo, bem como em que moldes se deu a controversa mudança de selecionador nacional, em janeiro passado.
Sob a sua alçada desde janeiro, a seleção russa já disputou duas partidas de cariz amigável: uma vitória contra a Índia (8x0) e uma derrota contra a Sérvia (0x2).
Por fim, questionada sobre quais as figuras a ter em atenção na seleção russa, Polina referenciou as seguintes jogadoras: «Tatyana Shcherbak (FK Krasnodar), Anna Kozhnikova (Lokomotiv), Nadezhda Smirnova (CSKA Moskva), Marina Fedorova (Lokomotiv) e Nelli Korovkina (Lokomotiv)».
Já sobre a seleção portuguesa e a eliminatória propriamente dita, Polina confidenciou ao zerozero que espera um duelo extremamente equilibrado: «Acho que as hipóteses são 50-50. Espero dois jogos difíceis e que não vão ter muitos golos... Como já disse, a seleção da Rússia tem um novo treinador e acho que essa é uma questão importante. Uma vez que ele nunca trabalhou com seleções femininas, pode subestimar o poder da seleção portuguesa».