asa_scouting 25-04-2024, 08:44
NOTA: Esta entrevista foi realizada antes da Taça da Liga
Foi no Multidesportivo de Alvalade que o zerozero se encontrou com Zicky para mais um Jovens Talentos. Antes de mais um treino de preparação para a Taça da Liga, o pivot do Sporting e da seleção nacional, respondeu a todas as questões e conseguimos perceber a boa disposição que reina no plantel, especialmente entre Zicky e Erick.
«Comecei a jogar através de amigos, jogávamos num rinque que havia no Olival Basto. Depois, juntei-me ao clube para jogar futsal e não futebol de rua. O Sporting tinha muitos olheiros e via os nossos jogos e fiz captações depois de um jogo treino contra o Sporting. Foi nos infantis, lembro-me de ter visto o Mister do Sporting [n.d.r. já era Nuno Dias] e futuros colegas meus a assistir a alguns jogos», contou-nos.
Nesses primeiros tempos, o apoio de um primo foi fundamental para o crescimento, quer na modalidade, quer como pessoa: «A pessoa que eu costumo dizer que é o meu ídolo é o Domingos, que foi quem sempre me ajudou e incentivou desde que comecei a tocar numa bola e que levo para a vida».
Aos 17 anos, Zicky estreou-se pela equipa principal, num jogo frente ao Unidos Pinheirense. Nesta temporada, fez quatro jogos, marcando dois golos, um ao Burinhosa (foi o mais jovem de sempre a marcar na Liga) e outro ao Unidos Pinheirense, no jogo da segunda volta.
«Foi um choque, mas um orgulho, uma recompensa pelo meu trabalho. Foi uma felicidade enorme, não só pelos jogadores, mas também por ser treinado por esta equipa técnica. Foi um privilégio, mas também uma responsabilidade muito grande, ter-me estreado com 17 anos», explicou.
Agora, com 19 anos, o pivot está a fazer o seu primeiro ano sénior, apesar de ainda ter idade de júnior, tendo feito 34 jogos com 13 golos e Zicky não se inibiu ao falar da transição de escalões.
«As grandes diferenças nos seniores são a nível de intensidade e de movimentações, aqui é tudo mais rápido. Nos juniores trabalhamos à semelhança dos seniores, mas, agora, na execução tem de haver mais intensidade e temos de pensar mais o jogo, não podemos desligar, para estarmos preparados em qualquer momento do jogo».
A formação é cada vez mais uma aposta em todos os clubes, devido ao grande desenvolvimento nos anos mais recentes. O Sporting não é exceção e é esse trabalho que mais marca o camisola 6 leonino.
«O Futsal trouxe-me muitos amigos, diria até irmãos, mas tenho de destacar os que vieram comigo desde os infantis, como os gémeos [Bernardo e Tomás Paçó], o Sévio [emprestado ao Burinhosa] e o Hugo Neves. É muito bom poder jogar com eles nos seniores, estamos juntos desde os infantis, é uma felicidade enorme e também demonstra a forte aposta do Sporting na formação. Nós trabalhamos, desde os benjamins aos seniores, com a mesma base e nós estarmos aqui é a prova que o nosso trabalho foi visto e está a ser recompensado».
Partilhar o balneário com uma referência como João Matos, capitão e também ele vindo da formação do Sporting, é o culminar de um longo trabalho do jovem pivot leonino.
«Ele é um jogador que passou a vida toda aqui no Sporting e é uma inspiração e um orgulho enorme estar aqui na presença dele, porque, sem dúvida, todos os jogadores que vieram da formação ambicionam um dia conquistar o que ele já conquistou».
A lesão de Cardinal abriu a oportunidade de mais tempo de jogo na formação de Nuno Dias e da chamada à seleção nacional. Zicky afirma que isso não é uma pressão extra e mostra ambição.
«Trabalhar com o Cardinal é muito bom, por todas as indicações que ele dá, por tudo o que ele faz dentro de campo e que vou vendo e aprendendo. Ele preocupa-se muito em ajudar os mais novos nos vários aspetos do jogo e está sempre a dar-nos indicações, nós até brincamos com ele por também fazer de treinador, mas ele é mesmo muito bom e aprende-se muito com a experiência dele», realçou.
A estreia na seleção aconteceu recentemente, nos jogos frente à República Checa. Zicky cumpriu um sonho.
«Desde que comecei a ir às seleções de camadas jovens, sempre tive como objetivo chegar à seleção A e ser internacional. Só tenho de agradecer muito ao trabalho dos meus colegas e dos meus treinadores por me darem as condições para atingir esse objetivo. Trabalho e irei trabalhar sempre para que seja possível estar sempre na seleção e ir já aos grandes torneios que se aproximam», falando também das diferenças em relação aos colegas.
«Sem dúvida, a maioria dos meus colegas da seleção, não teve passagem pelas camadas jovens. Este é um trabalho que está a ser feito e já temos seleções desde os sub-15, com jogos frente a seleções como a Espanha e Rússia. São jogos de elevada exigência, onde temos de aplicar todos os nossos conhecimentos, e acabamos por sair com mais experiência, o que ajuda quando se chega à seleção AA».
O camisola 6 dos leões foi decisivo no último dérbi para o campeonato, marcando o golo que valeu o empate a um entre Benfica e Sporting [n.d.r - Zicky voltou a marcar ao Benfica na Taça da Liga, desta vez em dose dupla] e Zicky revela-nos o que sentiu.
«Foi um momento de muita, muita felicidade. Quando eu marquei o golo, acho que perdi um bocado o norte. Fiquei tão contente que acho que nem sabia onde estava, estava mesmo muito feliz e foi um golo muito importante para nós. Conseguimos um empate, apesar de querermos sempre a vitória, que nos permitiu manter o primeiro lugar - era o principal objetivo que tínhamos e foi um golo que me deixou muito orgulhoso», referiu.
Apesar deste golo, e de jogar a pivot, é precisamente no ataque que, por vezes, é mais inconstante, uma análise com que o próprio concorda.
«Nos últimos passes e nos últimos momentos da finalização tenho pecado um bocado, e, sem dúvida, é um dos aspetos que tenho a melhorar. Tenho outros, mas estes são os mais claros. É um trabalho que tenho feito em todos os treinos», explicou.
Com a carreira ainda a começar, Zicky elegeu três momentos marcantes até à data e falou de um sonho muito especial para a sua carreira...
Já a nível individual, Zicky ambiciona ser uma referência na modalidade e, por fim, deixou uma mensagem aos mais novos, falando da importância no trabalho.
«Incentivo que continuem a trabalhar e a serem humildes, porque, neste mundo do futsal, não adianta ter só pezinhos, ser bom com a bola. É preciso o resto: boa cabeça, descansar bem, ter compromisso com o que estamos a fazer e eu incentivo os jovens a trabalhar porque se eu cheguei, outros também conseguem chegar. Os treinadores estão cada vez mais de olho na formação e só precisam de trabalhar bem e continuar a sonhar».