O bis do jovem Filipe Soares atrairá sempre toda atenção, tal como um regresso de Rodrigo Pinho aos relvados, mas a mensagem deste jogo é que há qualidade de sobra na Liga NOS, até num lanterna vermelha que não vence há nove jogos. O Marítimo estava desesperado para vencer, e talvez por isso não o tenha conseguido, mas o Moreirense foi mais eficaz e é agora sétimo classificado.
O empate em Portimão (0x0) na última jornada colocou um ponto final na série de sete derrotas consecutivas para o Marítimo, mas manteve a formação verde-rubra na corrente que a trouxe para o fundo da tabela, e com muita responsabilidade para virar essa má maré. Para além da corrente tempestuosa, havia pela frente um Moreirense de créditos firmados. Não era um Adamastor, mas uma equipa com a mesma vontade de vencer e melhor preparada para o fazer, ainda que não tenha mostrado nos minutos iniciais.
A formação da casa agarrou cedo o leme e partiu para a frente. Não quis ficar na expectativa e teve curiosidade de ver o que havia além-mar, com um meio campo que se fez dono do jogo nos minutos iniciais. Primeiro Winck, depois Correa, Joel Tagueu, Léo Andrade, Alipour... Todos fizeram perguntas, à procura de uma falha na preparação adversária, mas Pasinato teve sempre a resposta nas mãos.
Começava a parecer um jogo diferente para o Marítimo, em comparação com outros mais recentes. Os insulares não pareciam precisar de remar assim tanto para chegar à baliza, talvez até estivessem a favor da corrente desta vez, mas o Moreirense encarregou-se de lembrar que estes mares são traiçoeiros...
Os visitantes subiram no terreno e Filipe Soares fez soar os tambores em antecipação com um remate ao poste após boa receção na área. O jovem médio levou as mãos à cabeça com a oportunidade que desperdiçara, mas manteve a posição (com Renê Santos a deixá-lo em jogo) e poucos segundos depois a bola voltou ao seu encontro, e o médio cabeceou para além de Amir.
Milton Mendes não esperou para ver a evolução das coisas. O técnico tirou um defesa central (Karo) e colocou Rafik Guitane em campo, alterando para um 4x4x2 que não teve logo o impacto desejado, mas que cresceu com o jogo. No segundo tempo o Marítimo já estava novamente por cima do jogo, com as ondas a bater na defesa do Moreirense, mas sem o resultado esperado.
Rodrigo Pinho entrou na partida, num tão aguardado regresso após lesão, e tornou os insulares mais perigosos no ataque, mas essa subida também permitiu ao Moreirense criar perigo no contragolpe em algumas ocasiões, com Yan Matheus a ser o principalmente elemento desequilibrador (já tinha dado a assistência no primeiro tempo).
O golo do empate acabou por chegar, aos 86', marcado por Léo Andrade, mas o VAR encontrou um fora de jogo de Rodrigo Pinho que as imagens justificaram, dando por concluídos os festejos. Nessa fase o otimismo já era escasso para a formação caseira, mas caiu completamente por terra aos 89 minutos, com o 0x2 do Moreirense. Filipe Soares, depois de ter aberto a contagem na época na primeira parte, foi ainda a tempo de bisar e duplicar sua contagem com uma boa finalização na cara de Amir.
Marítimo trabalhou, criou, e fez por vencer num jogo do qual não leva nada, mas crédito para o Moreirense, que foi bem mais que Pasinato. A equipa de Moreira de Cónegos soube limitar o ataque insular, soube manter a vantagem e, acima de tudo, soube aproveitar para subir nos momentos certos, quando o adversário se expôs mais.
Qualidade inegável e um prémio justo. O jovem médio encontrou espaço em Moreira de Cónegos e tem brilhado no meio campo ao lado do irmão mais velho já desde o início da temporada transata. Este ano manteve (ou até subiu) o nível, mas faltavam os golos, que hoje vieram a duplicar.
O Marítimo deixou bons pormenores e a sensação de que ainda pode virar o seu destino, mas a verdade é que somou mais uma derrota e, em termos pontuais, a situação complica-se. Os leões das ilhas somaram apenas um ponto nos oito últimos jogos, e estão no último lugar pelo menos mais uma semana.
Jogo de pouca história no que a Luís Godinho diz respeito, assim como deve ser com um árbitro. Com o auxílio do VAR tomou a decisão correta no lance de maior relevo: o golo anulado ao Marítimo.