Decorria o ano de 2002 e o Sporting voltava a levantar o troféu de campeão nacional, pelas mãos de Laszlo Boloni, técnico romeno acabado de chegar ao futebol português... 19 anos depois, os leões estão bem encaminhados para voltar a levantar o tão desejado caneco e o atual técnico do Panathinaikos não tem dúvidas de que os leões são favoritos a vencer o campeonato.
Em entrevista ao jornal Record, o treinador, agora com 67 anos, comentou a atual postura cautelosa de Rúben Amorim e garantiu que tem de acontecer uma catástrofe para os leões não festejarem no final da época.
«Conheço muito bem esse sentimento e as palavras de Rúben Amorim, mostrando calma e tranquilidade. Eu faria a mesma coisa. Gritar já vitória é dar mais responsabilidade aos jogadores e a ele próprio. O Sporting está a fazer uma época muito, muito boa. É uma surpresa positiva. A dinâmica é muito boa e tudo indica que o momento do Sporting chegou. Não sei que catástrofe tem de acontecer para o Sporting não ser campeão», começou por dizer o treinador, realçando, ainda assim, que ainda existem algumas reservas.
«O Benfica fez grande investimento e dizem que tem o melhor plantel. Também é conhecido o carácter do FC Porto. Se fosse uma destas equipas, diria que o campeonato estava resolvido. Sendo o Sporting... ainda há reservas. De qualquer forma, tem de acontecer coisas muito estranhas para o Sporting não ser campeão», acrescentou Boloni.
Acerca da passagem por Alvalade, Laszlo Boloni recordou ainda aquela mítica época em que levou o Sporting ao título: «Era uma situação diferente, sim. Sei exatamente o que aconteceu, está bem presente na minha memória e nunca vou esquecer. Foram muitas coisas fantásticas. Tive momentos tristes e outros felizes. Mas, feito o balanço, as minhas recordações serão sempre positivas», referiu, salientando as graves dificuldades que o clube atravessava.
«O clube enfrentava grandes dificuldades financeiras. Esses problemas começaram com a construção do estádio. Na segunda época, tivemos de jogar num estádio parcialmente demolido e mudar o local de treino. Mas o mais duro foi ouvir da direção, depois de termos sido campeões, que o investimento para a época seguinte seria de zero euros. Mesmo que tenhamos vendido Hugo Viana, que André Cruz e Phil Babb tenham saído, que João Pinto tenha sido suspenso seis meses, que Jardel tenha perdido a cabeça e que Niculae não tenha voltado bem da sua lesão», acrescentou Boloni, fazendo um balanço muito positivo das duas épocas que passou em Lisboa.
«Quando disseram que o investimento seria zero, tinha noção de que a segunda época podia correr mal. De qualquer forma, foram duas épocas muito ricas. No primeiro ano, conquistado tudo o que era possível conquistar em Portugal. Na segunda, Quaresma e Ronaldo chegaram ao plantel. Conseguimos vender Hugo Viana. A equipa técnica e os jogadores deram um apoio financeiro muito importante para o futuro do clube [...]. Muitas vezes, não recebemos o ordenado. Tivemos salários em atraso. Recebi o meu dinheiro quando saí, o Sporting respeitou isso. Mas não fui para Lisboa impreterivelmente para ganhar dinheiro. Fui para dar um passo em frente na minha carreira. Deixei de selecionador da Roménia, para regressar ao ocidente e ingressar num clube com grande nome. Fiz uma boa escolha», concluiu.