Quase 30 anos depois, o Benfica esteve a poucos minutos de repetir a história e eliminar o Arsenal numa noite europeia. Mas um golo de Aubameyang, aos 87 minutos, deu o 3x2 aos gunners e tirou a glória aos encarnados. É o fim de linha na Europa.
Jorge Jesus repetiu a fórmula de Roma e fez regressar a linha de três centrais para o fato europeu. Lucas Veríssimo juntou-se aos habitués Otamendi e Verthongen na tentativa de travar a profundidade dos gunners, mas seria ele a «validar» a posição de Pierre-Emerick Aubameyang no primeiro lance de verdadeiro perigo do encontro. Mas já lá vamos.
Antes disso, 20 minutos de uma espécie de «cheirar» mútuo. O Benfica começou com a intenção de pressionar alto a saída de bola do Arsenal, servindo-se para isso de Seferovic, Rafa e Pizzi, os primeiros no processo de travagem que se pretendia. Começou por funcionar bem, com as águias bem menos subjogadas do que há uma semana.
Com bola, as águias procuraram, sobretudo, ganhar confiança através da segurança. Sem precipitações, mas também sem rasgos. As arrancadas de Rafa prometiam perigo, mas as decisões no último passe esfumavam esses sinais. Sem isso, Seferovic «perdeu-se» entre David Luiz e Gabriel Magalhães, oferecendo pouco ou nada à vida atacante do Benfica.
Até que do nada, a qualidade individual do Arsenal fez estragos. Bukayo Saka tirou da gaveta todo o talento que possui e com um passe que nem faca quente em manteiga serviu Aubameyang, que com subtileza picou a bola sobre Helton Leite. Corria o minuto 21 e na dúvida sobre a legalidade do lance chegou a resposta: Lucas Veríssimo tinha falhado a «linha» e, com isso, anulado o fora de jogo.
Seguiram-se minutos em que o «soco» se notou no futebol do Benfica. Era preciso recomeçar da base, readquirindo a confiança tão alheada da equipa há vários meses. Mas pelo jogo, estava difícil. O sistema montado dava alguma segurança defensiva, mas não funcionava na frente. Por isso, o perigo nasceu da bola parada.
O primeiro, aos 34 minutos, com Verthongen a responder de cabeça a um cruzamento de Pizzi, ainda quem sem a melhor direção. Melhor, bem melhor, foi o livre de Diogo Gonçalves, aos 43 minutos. Um tiraço indefensável para Bernd Leno, no ângulo. O Benfica empatava o jogo e a eliminatória antes do intervalo.
O primeiro quarto de hora da segunda parte prometia um Arsenal a carregar. Jorge Jesus sentiu e mexeu três vezes de uma assentada, aos 58 minutos. Darwin, Everton e Gabriel entraram, mas seriam os que já lá estavam a virar a sorte para o lado português, aos 61'. Helton Leite com um pontapé longo lançou a velocidade de Rafa, que aproveitou um erro de Ceballos para se isolar, passar por Leno e fazer o 1x2.
O Benfica tinha a eliminatória na mão. Dois golos de vantagem para o cenário da eliminação. Mas o Arsenal respondeu de pronto, reabrindo a discussão pelos «oitavos» aos 67 minutos, com o golo do lateral Kieran Tierney.
Mas até bem perto do final, o Benfica parecia ter o sonho na mão. Os gunners pressionaram, mas sem capacidade para criarem muitos sobressaltos às águias. Tudo parecia controlado. Parecia... porque aos 87 minutos, Saka e Aubameyang voltaram a «destruir» a última linha encarnada. O primeiro cruzou, o segundo voltou a escapar a Lucas Veríssimo. 3x2. Game Over, Benfica.
Não servirá de consolo a nenhum benfiquista, e muito menos a Diogo Gonçalves. Mas o golo de livre direto apontado pelo laterla/extremo esquerdo é daqueles que levantam estádios. E fica a nota para o futuro: há ali novo batedor de livres, discípulo de Van Hoojdjonk, Simão e Cardozo.
O Benfica esteve bem durante grande parte da partida, mas pagou caro duas desatenções. Os dois tentos de Aubameyang (o primeiro e o terceiro) nascem no limite do fora de jogo; dois momentos que a última linha encarnada não foi capaz de controlar e que ditaram o adeus à Liga Europa.