Os adeptos não têm culpa. Na véspera do jogo com o Arsenal, a conferência de imprensa de Jorge Jesus ficou marcada pelo afastar de culpas do treinador do Benfica, que pediu aos adeptos carinho apesar dos recentes maus resultados. Sem culpa e sem carinho, Jorge Jesus procura agarrar-se a algo nesta segunda passagem pelo Benfica e com a situação no campeonato a tornar-se preocupante esta Liga Europa pode trazer o carinho que as águias há muito precisam, o carinho dos resultados.
A frase com que iniciamos a antevisão responde em parte ao que foi dito por Jorge Jesus na conferência de imprensa. Sem discutir a razão ou não do treinador, os adeptos também merecem esse carinho e por muito que o verdadeiro adepto de um clube se mantenha fiel nos bons e maus momentos bem sabemos que perante um clube habituado a vencer precise desse carinho que os resultados (e outros fatores como a entrega ou as boas exibições) podem trazer.
Longe da vista, mas perto do coração dos seus adeptos, mesmo que por estes tempos de costas voltadas a quem representa o clube e não ao clube em si, o Benfica desloca-se a Atenas com uma missão clara: passar à próxima fase da Liga Europa.
Pode parecer demasiado exigente afirmar isto - Rafa, por exemplo, não hesitou ao apontar o Arsenal como favorito -, mas a verdade é que para além da necessidade de atenuar aquilo que, inevitavelmente, vai acabar como uma má temporada, a equipa inglesa não é a de outros tempos e mesmo com a desvantagem na eliminatória o Benfica terá certamente ficado com ideia que há ainda uma possibilidade de eliminar a irregular equipa de Mikel Arteta.
Não que o Benfica tenha conseguido dominar os Gunners em Roma, bem longe disso. Quando a formação inglesa subia o ritmo de jogo conseguia chegar com facilidade a zonas de perigo, mesmo com um Benfica a jogar com três centrais. Os encarnados mostraram melhorias defensivas nesse jogo, mas foi o pouco que a equipa conseguiu produzir com bola que tornou difícil a eliminatória, e são conhecidas as debilidades defensivas do Arsenal.
Estrategicamente não se espera que Jorge Jesus venha a fazer muitas mexidas em relação ao jogo da primeira mão, até porque o problema parece também ter ultrapassado essa estratégia. O psicológico pesa, mas quantas vezes nos disseram que para superar os problemas temos de apanhar ar? Haverá melhor do que o abençoado ar de Atenas?
Não que as águias tenham de apelar a Deuses para conseguir eliminar um Arsenal que, independentemente de alguns jogadores de qualidade, ocupa o 11º lugar da Premier League, mas talvez a viagem à Grécia sirva para afastar os fantasmas que recentemente parecem assombrar a equipa benfiquista. É que, normalmente, o carinho aparece com os resultados e não o contrário.
Partey
Jardel e André Almeida
A equipa de Arteta não criou muitas oportunidades, mas teve ocasiões flagrantes para estar com uma vantagem maior na eliminatória. O poderio ofensivo dos Gunners praticamente garante que essas ocasiões vão voltar a aparecer, falta fazer a bola beijar a rede.
Jorge Jesus deu um murro na mesa na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Arsenal, mas é em campo que o Benfica deve dar esse murro. Os recentes maus resultados deixam as águias na mó de baixo, mas a passagem à eliminatória seguinte pode servir como um tónico para pôr o mau momento para trás das costas.