Não se pode dizer que o FC Porto tenha convencido na Madeira, mas quase que podemos dizer que isso nem interessava muito a Sérgio Conceição. A equipa portista venceu (1x2), fê-lo já nos descontos e mantém viva a esperança para o Clássico do próximo fim de semana contra o Sporting. Até se pode dizer que ir para um jogo com líder depois de uma vitória como estas, de sofrimento, de querer e, vamos assumir, de alguma sorte, dá mais motivação a um grupo.
Por seu lado, o Marítimo viu agudizar ainda mais a sua crise. São muitas as derrotas seguidas e, apesar de não ser por este jogo, parece cada vez mais certo que Milton Mendes não chegará ao próximo fim de semana no banco de suplentes.
Sérgio Conceição voltou a apostar num 4-4-2 mais clássico, deixando Otávio no banco, apostando assim em Luis Díaz na esquerda. Já Milton Mendes manteve a defesa a cinco, mas desta vez juntou-lhe ainda dois médios bem defensivos.
Já por cima do jogo, mas sem criar lances de perigo, foi uma bola parada que trouxe a vantagem à equipa de Sérgio Conceição. Alguma confusão após um livre indireto e Uribe, no centro da área, a aproveitar para fazer o primeiro golo do jogo.
Só que, ao contrário de anos anteriores, este FC Porto não está uma defesa rochedo e pouco depois de se apanhar em vantagem o Marítimo empatou. Também numa bola parada, o central René Santos desviou ao segundo poste, num lance que só a intervenção do VAR validou.
Passou então a ver-se um jogo de sentido praticamente único até ao intervalo, mas com os mesmos problemas que temos visto nos últimos jogos do FC Porto no campeonato. Um jogo muito afunilado, com os dois extremos muito ao meio e com dois laterais de boa capacidade física, mas que chegam ao último terço do terreno e não conseguem definir os lances, nem cruzar com qualidade. Por isso, e mesmo com dois avançados, o perigo apenas chegava de bola parada e, apesar disso, acabou por ser Amir, (negou o golo a Mbemba e Taremi no mesmo lance) a evitar a vantagem azul e branca.
Por seu lado, o Marítimo percebeu que tendo dois jogadores bem perto dos centrais conseguia anular não só os cruzamentos, tendo sempre superioridade perante os homens de ataque portistas, mas também conseguia fechar nas combinações que Corona e Díaz tentavam fazer pelo meio. Por isso, a segunda parte do FC Porto, até à entrada de Francisco Conceição, limitou-se a cruzamentos longos e a tentativas de tabelas à entrada da área, que facilmente eram cortadas pela povoada defesa madeirense.
Assim foi até à entrada de Conceição. Não que o filho do treinador tenha revolucionado o jogo com os seu lances individuais, mas porque trouxe algo que estava a faltar à equipa portuense. Trouxe uma forma de jogar capaz de furar, de ir para cima e criar alguma confusão na defesa adversária.
Apesar disso, até foi o Marítimo a ficar perto do 2x1. Por duas vezes Marchesín negou o golo à equipa da casa, com duas defesas seguidas verdadeiramente monumentais, numa fase em que valeu ao FC Porto aquela tal ponta de sorte, porque este lance foi mesmo inacreditável a forma como a equipa insular não chegou à vantagem.
O momento do jogo acabou por acontecer já a queimar o minuto 90, quando o próprio Conceição sofre falta Rúben Macedo na área, num penálti que foi convertido por Otávio e que valeu um triunfo importante aos dragões. É certo que o Sporting já vai com 10 pontos de avanço, mas para a semana temos clássico...
Ao contrário do que aconteceu contra o Boavista, desta vez Francisco Conceição nem foi particularmente interventivo no jogo, mas o seu estilo de jogo voltou a dar um choque ao ataque do FC Porto. O jovem voltou a mexer com a partida e voltou a ganhar uma grande penalidade que desta vez foi mesmo convertida. Está a tornar-se um super suplente.
O FC Porto tem soluções e tem boas ideias no ataque, mas isso não se viu na Madeira. Faltou capacidade de fazer algo inesperado ao ataque do FC Porto. Muito disso está ligado ao números de jogadores que o Marítimo tinha a defender na sua área, ou na entrada desta, mas, ainda assim, faltaram ideias.