Uma entrada em falso custou caro ao SC Braga, que depois do golo madrugador de Edin Dzeko nunca mais encontrou o passo certo para reverter a desvantagem frente à AS Roma, perdendo por 0x2. Esta quinta-feira, em plena «Pedreira», a equipa de Carlos Carvalhal ficou a saber que vai ter de ir à capital italiana e virar a «batalha» caso queira sonhar com outra eliminatória na Liga Europa.
É daqueles clichês que cabem sempre no futebol, o do plano de jogo que sofre uma rutura prematura em virtude de um acontecimento não planeado. Assim foi, logo aos cinco minutos, quando Edin Dzeko desequilibrou rapidamente a eliminatória. O lance gerou-se pelo lado direito da defesa minhota, onde Spinazolla encontrou tempo e espaço para o cruzamento que o bósnio finalizou em antecipação a Sequeira.
Uma «pancada» que doeu e que abriu uma ferida que Ricardo Esgaio, sobretudo ele, teve problemas em estancar. Foi por ali, quase sempre, que os romanos procuraram massacrar o conjunto de Carlos Carvalhal. Por ali e pelo meio, porque a correr atrás da desvantagem houve espaço onde Al Musrati e Fransérgio nem sempre chegavam para as saídas rápidas de Pedro.
Ainda Esgaio. Noite infeliz, sublinhada com a imprudência aos 54 minutos. Já «amarelado» desde a meia hora, não soube medir o duelo físico com Villar e recebeu ordem de expulsão; com isso infringiu a segunda pancada da noite ao Braga, «mutilado» na tentativa de desmontar uma Roma que foi tão italiana no seu futebol quanto se pedia: organizada, retraída e cínica.
Prova disso, os constantes golpes nos intervalos da contenção enquanto o Braga forçava o momento ofensivo. Aos 37 e aos 60 minutos, só os fora de jogo de Pedro Rodríguez e Henrikh Mkhitaryan travaram o avolumar do resultado, com os golos a serem revertidos.
Houve mérito na forma como Paulo Fonseca preparou o jogo e como soube geri-lo depois do golo de Dzeko. Baixou, concedeu a iniciativa aos minhotos e nem a lesão prematura de Bryan Cristante (saiu aos sete minutos) abanou com a estrutura defensiva.
Por isso, foram raros os momentos de perigo efetivo perto da baliza de Pau López. O mais impactante teve Sporar como protagonista, já mesmo no crepúsculo da primeira parte (45+1'), mas o avançado esloveno ainda deve estar a tentar perceber o que ele próprio quis fazer, quando já tinha a linha de tiro para a baliza romana aberta.
E porque de Itália viajou uma equipa vestida com o ADN clássico, o castigo para o Braga ficou maior aos 87 minutos, quando Vertout encontrou o entretanto lançado Borja Mayoral, que só teve de encostar para o segundo dos giallorossi, colocando a missão bracarense para o jogo da segunda mão num patamar de dificuldade extrema.
É uma equipa com intérpretes de luxo, e isso nota-se sobretudo nas noites europeias. Que Paulo Fonseca tenha feito as pazes com Dzeko é uma ótima notícia para os romanos; e que Pedro, Mayoral ou Mkhitaryan joguem, também é.
O jogo era difícil e exigia uma noite de grande nível, algo que a equipa portuguesa não conseguiu colocar em prática. É certo que a Roma defendeu baixo e bem, mas foram demasiados os passes falhados e demasiada a ineficácia ofensiva para tirar mais do jogo.