Três dias depois, mais um jogo entre SC Braga e FC Porto repleto de emoção até ao apito final, de muita polémica e, no final, novo empate. Arsenalistas e dragões ficaram-se pela igualdade a uma bola num jogo com duas expulsões nos portistas - Díaz e Uribe - e com golos de Taremi e Fransérgio. Está tudo em aberto na primeira meia-final desta Taça de Portugal.
O avançado iraniano dos portistas aproveitou um erro de Matheus para abrir o marcador com um chapéu bem medido e os portistas voltaram a ver um jogador ser expulso mais tarde, desta vez Díaz, num lance em que David Carmo saiu lesionado com gravidade mas não houve qualquer intenção de atingir o adversário por parte do extremo portista, pelo que o vermelho foi largamente exagerado.
Desta vez, os dragões aguentaram-se por muito tempo no setor defensivo com dez mas acabaram mesmo por ficar reduzidos a nove e aí o Braga arrancou pelo menos o empate, mesmo no fim dos 12 minutos de compensação.
Pouco tempo separou os dois duelos entre as equipas, mas Sérgio Conceição recusou-se a grandes alterações, enquanto Carlos Carvalhal mexeu um pouco mais na equipa inicial tendo por base o desgaste recente. Sequeira voltou de lesão direto ao onze inicial e dois reforços de inverno tiveram o segundo jogo como titulares: Piazón e Sporar. Nos portistas, apenas as entradas de Diogo Costa (dono do lugar nesta prova) e Fábio Vieira, um esquerdino a partir da direita onde estaria normalmente o suspenso Corona.
A nível tático, nada mudou de início nas duas formações, ambas muito organizadas e sem concederem espaços. Só mesmo um erro grave individual aproveitado na perfeição desbloquearia o resultado no primeiro tempo. As equipas ainda se sondavam e encaixavam, apenas um livre forte de Sérgio Oliveira tinha criado algum perigo que Matheus sacudira... mas um momento imperdoável do guardião do Braga mexeu com a eliminatória no seu todo. Numa saída da grande área de cabeça, com dois avançados portistas pela frente, o guarda-redes colocou a bola em Taremi e o iraniano foi exemplar na forma como colocou a bola sobre o guarda-redes para abrir o marcador. Os portistas agradeciam, claro.
O Braga sofria cedo em casa, o que dado o facto de a eliminatória se jogar a duas mãos tinha influência imediata e muito relevante nesta meia-final. Assim, Carvalhal ajustou rapidamente, trocando o sistema de três centrais (Sequeira fechava a zona à esquerda) por uma linha de quatro, deixando Galeno mais solto para as tarefas ofensivas e Esgaio, por consequência, a pisar terrenos um pouco mais recuados do lado oposto. Mesmo com o crescente número de guerreiros no ataque à defesa portista, os dragões tinham a dupla de centrais a elevadíssimo nível, tinham Sérgio Oliveira incansável a cobrir espaços, mantinham a concentração e organização e controlavam na perfeição as dinâmicas do Braga, um pouco como aconteceu em grande parte do jogo para a Liga.
Fábio Vieira ameaçou duas vezes seguidas na meia distância - numa delas, a bola passou realmente perto do ferro -, Taremi pôs em prática a notável inteligência ofensiva numa série de combinações com colegas antes de rematar para uma boa intervenção de Matheus, com o Braga a responder também com uma jogada coletiva de qualidade que não chegou a ter remate à baliza de Diogo Costa. O primeiro tempo terminava com um golo apenas, com essa mínima vantagem a ter lógica face ao tal erro individual e ao reduzido de número de espaços encontrados em cada uma das defesas.
Em busca de inverter a eliminatória, o Braga teve uma melhor entrada no segundo tempo do que no primeiro e até conseguiu um par de ocasiões consecutivas que podiam bem ter dado o empate, não fosse a ineficácia de Sporar, em particular no segundo momento, em que fez a bola passar ao lado da baliza na cara de Diogo Costa.
Os arsenalistas estavam mais perigosos quando Luis Díaz mostrou os pulmões cheios de ar e foi por ali fora da esquerda em direção à baliza, travado apenas pela defesa de Matheus... e essa mesma jogada acabou por ter um efeito tão infeliz como polémico. Para David Carmo, uma tremenda infelicidade, aparentemente com uma fratura no pé e, provavelmente, com o resto da época em risco. Quanto ao efeito para Luis Díaz e respetiva equipa... polémico e, para nós, incrivelmente errado: Luís Godinho mostrou um vermelho ao colombiano, que não teve qualquer intenção de acertar no adversário após o remate e lesionar o colega de profissão, por muito grave que a lesão possa ter sido.
Como no domingo, os portistas viam-se com um virtuoso expulso, o Braga via a oportunidade para ir atrás do resultado até ao final do encontro. Os portistas agarravam-se à vantagem mínima com unhas e dentes com dez em campo, sobrevivendo à avalanche ofensiva que ia resultando em cruzamentos, cabeceamentos fora do alvo e afins... mas ficariam com nove, e daí ficou ainda mais difícil para os dragões. O sangue fervia nos então 21 jogadores em campo, um momento feio de ver entre Uribe e Esgaio resultou na expulsão de mais um colombiano portista e foi com mais dois em campo que o Braga arrancou a ferros o empate, com Fransérgio a fuzilar as redes.
O golo marcado fora dá ligeira vantagem aos portistas para a segunda mão, mas o Braga vai à luta pelo Jamor no Dragão.
Expulsão de Luis Díaz sem qualquer sentido, no nosso entender. Por muito mal que Carmo tenha saído do lance (e desejamos as rápidas melhoras ao jogador), o contacto acontece como consequência do remate do colombiano e tentativa de corte do central. Quanto a Uribe, nada a dizer. Por outro lado, não houve igual critério no capítulo disciplinar em lances de jogadores do SC Braga. De resto, muitas dificuldades demonstradas pela equipa de arbitragem a controlar o jogo nos momentos mais quentes e clara nota negativa.
De ambas as equipas, sempre que foi possível mantê-la. Os portistas voltaram a saber condicionar as dinâmicas arsenalistas, mas o processo defensivo do Braga foi também eficaz (tirando da equação o erro individual de Matheus). Os dragões resistiram também à primeira expulsão, não resistiram à segunda.
Não entramos nesta secção na questão da expulsão, já abordada em outros espaços, focamos na infelicidade de um jogador sofrer uma lesão grave a meio da temporada e, provavelmente, perder boa parte do resto da época (ou tudo o que resta). Um acaso com terríveis efeitos para este jovem e promissor central, já até apontado a colossos europeus.