* com Ricardo Miguel Gonçalves
O bom futebol não tem nenhuma cor nem formato, pode acontecer em qualquer campo e com qualquer pessoal de operação, como Milton Mendes e Bruno Pinheiro fizeram questão de salientar nesta noite de quarta-feira, num jogo que não parou de surpreender.
Jogou novamente em casa e novamente contra um líder do respetivo campeonato, como o tinha feito contra o Sporting na última ronda, mas na luta pelo primeiro bilhete para as «meias» não sorriu ao Marítimo, que caiu frente ao Estoril depois de ter tido a vitória no bolso. Dava para um filme...
Desde cedo viu-se uma partida entre duas equipas que sabiam o que estavam a fazer e faziam-no bem, o que gerava previsões de 90 - ou mais - minutos bem passados para qualquer espetador deste jogo. Estavam frente a frente duas equipas de escalões diferentes, mas esse era um fator que não transparecia com o Estoril a fazer justiça ao seu estatuto de líder na Liga Portugal SABSEG.
O primeiro golo podia ter caído para qualquer lado, mas neste caso a «sorte» sorriu ao Marítimo. Correa conduziu pelo meio com intenção de fixar a defesa do Estoril antes de abrir para Fábio China, que de primeira cruzou para uma área carregada de jogadores, onde Joel Tagueu saltou mais alto e cabeceou para o golo que abriu o marcador nos Barreiros. Com a braçadeira de capitão, o camaronês correu até Milton Mendes para celebrar o golo de uma forma que explica bem o impacto que o treinador tem tido no Marítimo desde que assumiu a equipa principal.
Ambas as equipas reagem bem ao golo, embora, mais uma vez, de maneiras diferentes. O Estoril voltou a querer e conseguir ganhar controlo no jogo, recuando Zé Valente na construção para dar uma resposta ao Marítimo, mas os insulares estiveram bem no jogo sem bola, anulando a frente de ataque canarinha e levando a vantagem o mais longe que conseguiram.
O 1x0 manteve-se durante toda a segunda parte, mesmo com um jogo amarelo, mas o sucesso no contragolpe motivou o Marítimo a voltar a sair da sua metade do campo, o que abriu espaços e gerou um jogo muito mais intenso e dividido do que nos minutos anteriores. Ainda assim, apesar da renovada facilidade na chegada à área não serviu de muito perante uma defesa de betão.
O tempo extra começou tal como acabou o tempo regulamentar: com uma grande penalidade a favor do Estoril. Caio Secco derrubou Harramiz na área e deu a João Gamboa uma chance para o bis, mas o ex-Marítimo foi do céu ao inferno quando atirou ao lado da baliza.
O Estoril continuou por cima e acabou por chegar mesmo ao golo, numa jogada em que Pedro Empis desequilibrou e deu a Jean Amani o golo, que por pouco não foi cortado na linha de golo, mas terminou em celebrações efusivas. O mesmo Empis continuaria envolvido no jogo, primeiro na expulsão de Winck, onde sofreu a falta, e depois num remate que ainda bateu no poste.
Com vantagem no marcador e um jogador a mais, o destino do jogo não estava decidido, mas fácil de adivinhar, Decidido só ficou quando chegou o 1x3, num lance em que Harramiz aproveitou o cansaço da defesa adversária para colocar o Estoril nas «meias» da Taça.
Boas equipas, bom futebol e entusiasmo até ao fim! Para qualquer maritimista ou estorilista será certamente um jogo inesquecível, mesmo apesar do resultado, mas também para o adepto neutro que teve a sorte de ver esta partida.
Pouco neste jogo pode ser descrito como negativo, de maneira que só pode ser a inevitável referência há ausência dos adeptos nas bancadas. Teria sido um bom jogo para assistir nas bancadas, este.
O trabalho de Hélder Malheiro não era fácil uma vez que cada duelo era motivo para gritos nos bancos de suplentes, que pediam decisões opostas. O árbitro soube confiar no seu julgamento e tomou, na maior parte dos momentos, as ações corretas.
Tomou decisões corretas em ambas as grandes penalidades e na expulsão de Winck. A expulsão de Edgar Costa, por outro lado, talvez tenha sido precipitada. Também o tempo adicional dado teve influência na eliminatória e pode ser ponto de discussão neste jogo.