Carlos Carvalhal disse, no lançamento deste encontro, que não havia tempo para lutos, tal com disse que não havia tempo para festas e bem tinha razão. O Braga venceu o Gil Vicente por 1x0, graças ao golo de Iuri Medeiros e mais que os três pontos ficou a exibição. Os arsenalistas dominaram até marcar, o Gil Vicente esboçou uma reação, mas a vitória não fugiu aos homens da capital do Minho.
Conhecedores do pensamento um do outro, uma vez que Ricardo Soares foi treinado por Carlos Carvalhal na viragem do milénio. Na altura, o então avançado representou o Vizela e o jovem treinador passou pelo clube dos arredores de Guimarães. Neste reencontro Braga e Gil Vicente meteram-se em jogo com esquemas novos e curiosamente iguais: Cinco defesas, dois médios mais defensivos, três mais ofensivos e um ponta de lança.
O pensamento dos dois não podia ser mais igual e passou por surpreender o colega de profissão. Nesse capítulo foi Ricardo Soares o primeiro a ter sucesso, pois o Gil Vicente começou cedo por em prática a estratégia. A velocidade de Baraye e Boubacar Hanne apanhou, logo nos primeiros minutos, a defesa arsenalista às aranhas, mas Abbas não conseguiu materializar os lances de perigo.
Os guerreiros não precisaram de muito tempo para compreender as ideias do Gil Vicente e puxaram dos galões do favoritismo. Fizeram uma espécie de cerco e os homens de Ricardo Soares ficaram circunscritos a quarenta metros defensivos.
O que vimos a partir desse momento foram muitas oportunidades, umas mais claras que outras. A maior de todas surgiu pouco depois da meia hora. Um lance onde a bola passou por meia equipa do Braga até Galeno arrancar em velocidade. O brasileiro só foi travado em falta, em plena área. Mas Paulinho, na cobrança do castigo máximo, acertou no poste e na recarga Galeno rematou à barra.
Os minhotos da capital sufocavam os minhotos da terra do galo, mas Denis não tinha muito trabalho. Os gilistas conseguiram suportar a pressão, altíssima do Braga, e terminaram a primeira parte com uma oportunidade de ouro. Abbas cabeceou em vólei, por cima da baliza de Tiago Sá, e por muito pouco não surpreendeu o guarda-redes arsenalista.
Se durante a primeira parte assistimos a uma ocupação territorial do SC Braga ao Gil Vicente o início da segunda parte não foi diferente. Os primeiros minutos foram acutilantes e vertiginosos. Os guerreiros, que mexeram ao intervalo, passaram a ter outra conexão.
Até aos sessenta minutos os homens de Carlos Carvalhal pressionaram de tal forma que obrigaram o Gil Vicente a ceder quatro cantos e a bloquear três remates, que iam na direção da baliza de Denis.
A perder o Gil Vicente mudou o temperamento. A equipa de Ricardo Soares esticou, pressionou e colocou o SC Brag em sentido. A mudança foi tão grande que em 13 minutos Talocha conseguiu isolar-se, embora depois o lance fosse invalidado por fora-de-jogo e Lucas Mineiro obrigou Tiago Sá a mostrar atenção. No entanto o SC Braga não tremeu, manteve-se coeso atrás e conseguiu segurar a magra vantagem.
Com este resultado o SC Braga mantém o quarto lugar e aproxima-se do Benfica, que empatou. Já o Gil Vicente continua no 16º lugar, posição que obriga jogar um play-off de manutenção na Liga NOS.
Frente ao Gil Vicente o SC Braga demonstrou de forma cabal que tem mesmo um plantel com muitas soluções. Carvalhal mudou oito jogadores e a qualidade manteve-se. Notável.
É questão para perguntar: Onde esteve o Gil Vicente dos últimos minutos? Os barcelenses mudaram totalmente de estratégia quando se encontraram a perder e foram muito perigosos.
Manuel Oliveira teve um jogo seguro e sem casos. O juíz da AF Porto teve um critério uniforme e nunca deixou que os jogadores lhe complicassem a partida.