Marcou um, nos descontos podia ter marcado outro, o da vitória, mas Steven viu Ricardo Ferreira segurar com as mãos o ponto que tinha acabado de ser conseguido por Dener... o autor do penálti. Um bocado confuso, como o jogo, mas interessante, bem disputado, com muito querer dos dois lados e um recuo cónego demasiado cedo.
Com este tempo, fresco, húmido, a pedir um aconchego e um sofá, não admira que alguns apareçam adormecidos. Descontando o exagero, foi um pouco isso que aconteceu com a equipa de Vasco Seabra, o que, em parte, pode ser explicado pelas quatro alterações em relação à vitória na Choupana. A mais impactante (Ibrahima a render o castigado Fábio Pacheco) foi também a que mais influência teve, pois foi um Moreirense em que os irmãos Soares se viram em dinâmica menos familiar, por causa do novo homem da posição 6. Ou, traduzido de outra forma, o Portimonense entrou melhor.
Com duas vitórias nos três anteriores jogos, a equipa de Paulo Sérgio consegue finalmente respirar com confiança na classificação e a forma como apareceu no jogo mostrou isso mesmo. Fabrício, que parece render mais a cair na esquerda em vez da posição 9, foi o primeiro a avisar, e não causou espanto quando, aos 16 minutos, a vantagem surgiu, numa bola parada.
Os laterais, também eles novos em relação ao último jogo, foram ganhando espaço e confiança para subir no terreno e, dessa forma, a equipa passou a ter maior capacidade ofensiva, sempre sob a direção do maestro Filipe Soares. Yan e Walterson, de fora para dentro, também cresceram com a tal subida dos laterais e, depois de um 2x1 que surge na segunda oportunidade dos cónegos - belo golpe de cabeça de Steven Vitória -, a equipa de Vasco Seabra acabou melhor o primeiro tempo, mais forte nos duelos, mais intensa no ataque e mais criativa com bola.
Paulo Sérgio deu um sinal fortíssimo à equipa de que queria muito mais, ao trocar três ao intervalo (embora sem alterar muito o sistema). Só que foi o Moreirense a absorvê-lo. A equipa minhota recuou rapidamente, tentou encurtar o espaço ao seu adversário e, diga-se, conseguiu-o - foi rara a vez que os algarvios entraram com perigo na área.
Só que a tentativa de criar perigo em contra-ataque não foi assim tão frutífera. Também rara foi a vez que a equipa de axadrezado conseguiu sair com qualidade e capacidade de desequilíbrio. Sem ser muito bem jogado, o jogo foi sempre incerto.
Sinais, de um lado e do outro, que levaram ao desfecho do jogo e a um ponto que sabe melhor ao Portimonense, mas que é carregado de justiça. E uma justiça que chegou no fim, pelas mãos de Ricardo Ferreira, a parar um penálti de Steven Vitória.
O Portimonense entrou bem e, depois dos dois golos, diante de uma equipa que não fez assim tanto como isso, insistiu na segunda parte, mostrando, também com as substituições, que havia todas as condições para pontuar. Foi feliz, mas mereceu-o.
Ao invés do seu adversário, Vasco Seabra foi dando sinais de recuo à equipa, que mostrava alguma segurança defensiva, mas que ia tendo a bola sistematicamente no seu meio-campo defensivo. Sofreu e é justo dizer que se pôs a jeito.
Tem apenas 29 anos, é jovem, mas com boa leitura do jogo e com critério. Nem sempre acertou, mas soube gerir bem as emoções do jogo e dar-lhe o que ele pedia.