Um acordo com a Mediapro e a BeIN Sports colocou a Ligue 1 no segundo lugar dos acordos televisivos europeus. Só da primeira organização, a principal liga francesa receberia 3,25 mil milhões de euros ao longo de quatro temporadas, um total de 1,15 mil milhões por ano de ambos os canais, mas a Mediapro cumpriu com os pagamentos apenas numa fase inicial, de nem sequer quatro meses, e agora os principais emblemas franceses olham de frente para um abisso financeiro.
Houve, desde o início, algumas preocupações. O mesmo grupo já tinha tentado adquirir os direitos da Serie A, mas as garantias que ofereceu de conseguir cumprir o acordo foram consideradas «inaceitáveis», pelo que o negócio não avançou. Com a Ligue 1 conseguiram o acordo, mas já o presidente do Canal Plus - a concorrência -, Maxime Saada, tinha expressado preocupação com os valores: «Estou desapontado que não tenhamos mantido os direitos, mas os valores são completamente irrazoáveis, e impossíveis no setor», disse há alguns meses.
Desde que as preocupações se tornaram problemas reais, tem sido queda livre. Existe vulnerabilidade financeira nos clubes de um país que cancelou a temporada 2019/20, e foi anunciado esta semana que não foi alcançado um acordo na renegociação dos direitos, de maneira que a plataforma Téléfoot, da Mediapro, suspendeu os seus serviços.
Atualmente, a federação e os clubes da Ligue 1 e Ligue 2 sobrevivem graças a dois empréstimos do governo francês: um relativo à crise do Covid-19 e outro do pagamento televisivo falhado em outubro. O Canal Plus iniciou agora a negociação para assumir os direitos televisivos, mas a previsão é que pague muito menos do que aquilo que pagava no seu acordo anterior, de cerca de 700 milhões de euros anuais.
«Quando não há nenhum dinheiro em direitos de TV, bilhetes ou hospitalidade, como é que devemos manter o negócio a funcionar?», perguntou Jean-Pierre Caillot, presidente do Reims, no início de dezembro.
O futebol francês encontra-se numa crise que pode ter efeitos de grande dimensão em vários clubes do país. Tem sido um tema recorrente no país, com a intervenção de vários treinadores, por exemplo, que criticam tanto a organização que ofereceu uma miragem como a federação, que a aceitou.