Assunto arrumado para o FC Porto. Os dragões estão nos oitavos de final da Liga dos Campeões, depois de um empate sem golos na receção ao Manchester City. A noite do Dragão elevou a estatuto de «santo» um novo guarda-redes. Depois de San Iker, Marchesín entrou diretamente nessa linhagem com uma exibição soberba frente aos ingleses. Mas vamos à história.
Primeiro, por culpa do City; depois, por mérito do... City. Contraditório? Nem por isso. Que durante mais de meia hora a bola não tenha conhecido o caminho concreto das balizas do Dragão na primeira parte explica-se por dois motivos: a inconsequência inglesa no momento da definição e a boa pressão da equipa de Guardiola sobre os homens do FC Porto.
O Manchester City circulou, como faz sempre, mas não ter Agüero (lesionado) nem Gabriel Jesus (no banco) roubou-lhes o faro de golo. Por outro lado, o FC Porto sentiu sempre dificuldades em chegar com perigo à baliza de Ederson, porque a primeira zona de pressão dos ingleses fizeram quase sempre bem o seu trabalho, «tirando» do jogo os desequilibradores portistas.
No deserto de oportunidades que foram os primeiros 30 minutos, o melhor foi mesmo um desvio de Diogo Leite após lançamento de Zaidu; Ederson foi rápido ao chão e evitou males maiores para os visitantes. Aos 32', lance parecido na área contrária, com Marchesín a sacudir um cruzamento de Bernardo Silva e Sterling a travar uma possível recarga de Sérgio Oliveira.
Sem acelerar muito o ritmo, o controlo estava, porém, nos pés do City. E aos 37 minutos podia ter mesmo chegado o desbloqueador do nulo. Sterling ficou com a «sobra» de um canto, fletiu para o meio e só Zaidu salvou o FC Porto da desvantagem. O lateral esquerdo estava onde tinha de estar e sacudiu em cima da linha de golo.
O remate do inglês deu o mote para uma reta final da primeira parte que conteve em si vários remates, mas todos sem a direção necessária para incomodar as noites de Marchesín e Ederson. A do argentino na baliza do FC Porto, contudo, seria bem menos tranquila na segunda parte.
O trabalho começou a complicar-se aos 58 minutos, quando Sterling lhe apareceu pela frente depois de ganhar um lance aparentemente controlado por Sarr. Isolado perante Marchesín, viu-lhe o golo ser negado por uma excelente «mancha» do argentino. O futebol tricotado do Manchester City estava agora mais objetivo e resultou num lance inacreditável aos 69 minutos.
Fernandinho teve espaço na esquerda, cruzou para um desvio de Sterling que tirou Marchesín do lance e Rúben Dias, a centímetros da linha de golo, fez um corte involuntário para trás... Ferrán Torres «sacou da bicicleta» mas o guardião portistas já estava novamente a postos e assinou nova defesa sensacional.
O jogo era cada vez mais uma espécie de Marchesín contra o mundo. A circulação do City era cada vez mais incontrolável e o perigo cada vez mais real. O próximo a atirar à prova de Marché foi Bernardo Silva e aos 80 minutos nova defesa galática. No prolongamento do lance, Gabriel Jesus (que entretanto entrara) faz golo, mas o VAR tinha as linhas certas para o fora de jogo de Rodri no início da jogada.
Estava visto. Nada podia bater San Marche e o City aceitou-o. Feitas as contas, o 0x0 selou o apuramento portista e o primeiro lugar do grupo para os britânicos. Até aos «oitavos» basta agora cumprir calendário na ronda final.
Uma daquelas noites para contar aos filhos e aos netos. No palco maior do futebol de clubes, o internacional argentino fez uma exibição perfeita. Uma mão cheia de defesas (quase) impossíveis seguraram o empate no Estádio do Dragão. Fantástico, Marche.
É verdade que o adversário é do melhor que a Europa tem, mas ainda assim houve pouco FC Porto no momento ofensivo. O empate serviu, é certo, mas nunca deu a sensação de que os três pontos podiam cair para o lado português.