Exibição pobre, resultado suficiente e apuramento consumado. Portugal entrou para o encontro com a seleção de Chipre a precisar apenas de um empate para confirmar o apuramento para o Europeu de sub-21 que se vai realizar em 2021. Se o triunfo foi natural, o sofrimento e a má exibição portuguesa acabou por ser surpreendente.
Rui Jorge tinha avisado os jogadores portugueses para a necessidade de manter o foco nesta partida, apesar de o apuramento estar praticamente selado, retirando das atenções o jogo com a Holanda que pode levar a seleção nacional até ao primeiro lugar do grupo, mas os sub-21 lusos tiveram um começo de partida sem o tal foco necessário.
À primeira oportunidade, Artymatas antecipou-se a Diogo Leite e abriu a contagem para a seleção de Chipre, na sequência de um livre lateral que acabou com cabeceamento do jogador cipriota e com intensos festejos perante a diferença de valores entre as duas seleções. É certo que a partir do golo cipriota Portugal tomou o controlo das operações, mas ao contrário do que tinha acontecido com a Bielorrússia a equipa de Rui Jorge teve pouca qualidade no seu jogo ofensivo, sempre previsível e com precipitação no cruzamento para uma área bastante povoada.
Sem ideias e com o Chipre a tentar sair uma vez ou outra em contra-ataque, um lance com Diogo Queirós na área portuguesa ainda motivou alguns protestos cipriotas, mas foi na área contrária que surgiu a grande penalidade que abriu o caminho da reviravolta à seleção portuguesa. De regresso aos sub-21, Thierry Correia foi na insistência e foi travado de forma clara por Jack Roles. Menos clara foi a marcação de Gedson, que bateu fraco e à figura, com o guardião cipriota a deixar a bola fugir por baixo do corpo. Mais uma vez, os protestos cipriotas foram audíveis, tal a dúvida que surgiu sobre se a bola tinha ultrapassado ou não a linha de golo, mas a equipa de arbitragem validou o lance e antes do intervalo Portugal respirou de alívio por ter conseguido chegar ao empate - a vantagem esteve perto, não fosse o remate de Jota ter sido travado por Paraskevas.
Apesar do golo algo fortuito, Rui Jorge estava claramente descontente com a forma como Portugal estava a ter dificuldades para criar lances de perigo frente à seleção de Chipre e fez alterações no ataque, retirando Dany Mota e Rafael Leão para as entradas de João Mário e Gonçalo Ramos no início da segunda parte. As melhorias não foram evidentes, mas foram suficientes para bater uma seleção cipriota que na segunda parte raramente conseguiu sair do seu meio-campo defensivo.
Os lances de perigo para a seleção portuguesa voltaram a ser raros, mas Diogo Queirós, que num lance de bola parada já tinha atirado ao poste, conseguiu chegar ao golo da reviravolta. O final do encontro foi difícil para a seleção de Chipre, em visíveis dificuldades físicas, mas a derrota pela margem mínima acaba por ser um prémio justo perante a atitude de uma equipa com qualidades claramente inferiores às portuguesas, mas que em campo conseguiu suster a equipa de Rui Jorge, que festeja o apuramento, mas que ao mesmo tempo leva sinais negativos para o encontro com a Holanda que pode levar a seleção portuguesa ao primeiro lugar do grupo.
Rui Jorge tinha elogiado o médio, um dos mais utilizados nesta qualificação, e o jogador do Wolverhampton mostrou os motivos que o levam a ser indiscutível. Exibição de encher o olho, até porque foi o único com lucidez no meio-campo para criar lances de golo e encontrar colegas soltos.
Foi um triunfo que não deixa grandes indicadores a Rui Jorge. Os sub-21 portugueses tiveram muitas dificuldades para criar lances de perigo perante uma seleção vários patamares abaixo. Depois de, diante da Bielorrússia, Portugal ter tido várias oportunidades desperdiçadas desta vez nem foi esse o caso. Exibição muito pobre a nível ofensivo.