Só lhe faltou a cereja no topo do bolo

Na direita, na esquerda e no centro. O mexicano andou um pouco por todo o lado e desta vez conseguiu colocar o imenso talento ao serviço da equipa. Aproveitou da melhor forma um ressalto para irromper pela grande área e assistir Marega, sofreu a falta para o penálti de Sérgio Oliveira e terminou uma grande arrancada com um toque de classe para o golo de Díaz. Só faltou marcar... e ele bem queria marcar, basta ver como tentou alvejar a baliza aos 84', com Nakajima em boa posição.

Esteve em campo em dois dos três jogos do FC Porto até agora na Champions, marcou nos dois. Mais uma vez, foi com uma finalização de classe, a agradecer a assistência de Corona e a colocar a bola fora do alcance de Mandanda. Antes disso, foi importante na forma como pressionou os defesas.. e até o guarda-redes, forçando erros dos adversários. Protagonizou também uma cavalgada pelo flanco esquerdo em que tiveram de lhe arrancar a chuteira do pé para o travar.

Payet tinha falhado redondamente um penálti, Sérgio Oliveira mostrou como se faz, ao serviço de uma equipa que até tem alguns problemas neste momento do jogo. Remate forte e muito colocado junto ao poste, impedindo que Mandanda lá chegasse (mesmo adivinhando o lado). Pela primeira vez na carreira, vai em três jogos consecutivos a marcar. De resto, arriscou pouco nos passes, mas foi eficaz no duplo pivô ao lado de Uribe.

Começou logo por aparecer no sítio certo aos quatro minutos e só teve mesmo de encostar depois do trabalho de Corona à esquerda. Voltou a introduzir a bola na baliza adversária mais tarde, dessa vez com um remate mais complicado, mas o lance foi anulado por fora-de-jogo. Tal como Díaz (talvez mais do que o colombiano), Marega foi também muito pressionante sobre os defesas adversários e chegou a ganhar bolas em zona de perigo, como o que ocorreu aos 40', num excelente desarme em velocidade... faltou só conseguir dar a melhor resposta.

Uma exibição mais discreta, mas muitíssimo eficaz. O colombiano foi fortíssimo nos duelos individuais no centro do terreno, com uma série de interceções, alívios e duelos ganhos pelo ar e por terra. Além disso, a noção de espaço no meio-campo foi imaculada, complementando-se com Sérgio Oliveira. O árbitro ainda apitou um penálti por suposto toque com o braço do colombiano, mas a falta foi (bem) revertida, já que o desvio foi com a face.

A exibição do Marselha a nível ofensivo foi fraca e Payet foi a face mais visível disso mesmo (não que Sanson tenha sido muito melhor...), desde logo pela forma como desperdiçou um penálti. Há penáltis defendidos, há penáltis falhados e há penáltis mesmo desperdiçados, como este o foi. O número 10, tão famoso como infame - a lesão de CR7 na grande final das nossas vidas não se esquece facilmente... - , foi o suposto número 10 também no posicionamento em campo, mas nada conseguiu acrescentar. Falhou boa parte dos passes e faltou-lhe criatividade. Saiu aos 65'.

A bola já tinha saído do pé de Corona quando o lateral do Marselha o derrubou numa falta claríssima dentro da grande área. Assim nasceu o 2x0 do FC Porto, no penálti convertido por Sérgio Oliveira. O lateral esteve sempre em dificuldades no momento defensivo contra um muito inspirado Corona (e até contra Manafá) e a nível ofensivo não conseguiu contribuir com os habituais cruzamentos de pé esquerdo.

Aos 77 minutos foi substituído, lembrando a toda a gente que estava em campo. É claro que para isso contribui a falta de acerto dos médios e laterais, que não o souberam servir, mas o argentino não conseguiu também descobrir os melhores espaços para receber a bola nem teve influência numa possível missão de condicionar a primeira fase de construção do FC Porto.

Terrível abordagem nos dois golos de bola corrida do FC Porto, de Marega e Díaz. No primeiro, viu a bola passar perto do pé e até pareceu travar o movimento da perna. Para evitar um auto-golo, talvez, mas deixou essa mesma bola chegar para a finalização simples do avançado maliano, que o croata tinha deixado sozinho. No segundo, correu em piloto automático para regressar à posição no centro da defesa e nem se tentou esticar para eventualmente desviar a bola vinda do pé de Díaz.