O adversário do Benfica na última jornada da Liga Europa é uma das maiores potências do futebol belga, bem como uma autêntica fábrica de talentos - vejam-se os exemplos de Axel Witsel, Marouane Fellaini e Steven Defour - e um velho conhecido do nosso país, com vários jogadores lusos a passaram por lá, desde Sérgio Conceição a Sá Pinto, que até regressou como treinador.
No entanto, o Standard Liège que chega a Lisboa já não é o que era - não é campeão desde 2008/09 - e, ainda por cima, vive a pior fase da temporada. São apenas duas vitórias nos últimos 12 jogos, entre campeonato e Liga Europa, sendo que, a nível interno, a equipa de Liège ocupa atualmente a quinta posição, com 25 pontos conquistados em 15 jogos disputados.
Com uma construção a dois ou a três, consoante o esquema tático, que passa muitas vezes pelo guardião Bodart, é na velocidade dos alas e na verticalidade ofensiva que os belgas têm a maior arma para atingir a baliza adversária, bem como nos inúmeros cruzamentos que tentam ao longo do jogo. Frente a adversários teoricamente mais fortes, a equipa acaba mesmo por baixar linhas e procurar uma saída mais longa, ganhar segundas bolas e surpreender na transição.
Mas se está tudo (aparentemente) bem até aqui, tudo muda no capítulo defensivo, com os problemas a acumularem-se, seja em transição, em organização ou nas bolas paradas. Em transição, uma vez a equipa aposta muito na subida dos laterais e nos movimentos interiores dos extremos, acaba por deixar descobertos os corredores laterais, o que é agravado pela tentativa de reagir rápido e de forma agressiva à perda de bola, que nem sempre corre da melhor forma.
Já nas bolas paradas, a questão está relacionada com as marcações individuais, bastante permeáveis a arrastamentos e bloqueios. Finalmente, a organização defensiva, é, talvez, o principal problema desta equipa. Um problema que começa na fraca capacidade de duelos e marcação dos jogadores mais defensivos, mas alonga-se à falta de coordenação na pressão, que abre inúmeros espaços entrelinhas e provoca o desposiocionamento da linha defensiva.
Seja no 4x3x3 ou no 3x4x3, os laterais/alas têm sempre um papel importante no capítulo ofensivo. A estratégia de Montanier passa por tentar tirar proveito da sua velocidade para ganhar metros e chegar o mais depressa possível à baliza adversária.
São várias as debilidades defensivas do Standard Liège, seja em transição e até nas bolas paradas, mas o principal problema está na organização defensiva. A má coordenação da pressão abre espaços entrelinhas numa defesa que se desposiciona com facilidade.
Com apenas 21 anos, mas uma maturidade que o faz parecer bem mais velho, Zinho Vanheusden destaca-se como uma das principais figuras da equipa. O jovem defesa central dividiu a formação entre Inter de Milão e Standard Liège, mas acabou por regressar a casa, onde, apesar da tenra idade, é já o capitão da equipa. Destaca-se pela capacidade de liderança, posicionamento, marcação e desarme.
Com 55 anos e passagens pelos campeonatos de França, Espanha, Inglaterra e, agora, Bélgica, Philippe Montanier assumiu o cargo de treinador no início da presente temporada, substituindo Michel Preud´homme. O trabalho de maior destaque da sua carreira aconteceu em 2012/13, quando guiou a Real Sociedad a um sensacional 4.º lugar na La Liga.