No meio de uma sequência de jogos nacionais e europeus e no meio de uma aparente revolução tática, o FC Porto conseguiu neste sábado cumprir o objetivo de regressar aos triunfos e levou de vencido o Gil Vicente, pela margem mínima, numa partida com várias mudanças de relevo na equipa escolhida por Sérgio Conceição. Os comandados de Rui Almeida, que disputavam apenas o quarto jogo nesta Liga, somaram no Dragão a primeira derrota.
Foi Evanilson quem fez a diferença no marcador, no primeiro jogo a titular e na estreia em jogos do campeonato. Uribe não conseguiu, de penálti, dar o conforto aos dragões, mas a equipa de Conceição garantiu os três pontos apesar de ter ficado reduzida a dez aos 73', por expulsão de Zaidu.
À procura da vitória que tinha faltado nos três jogos anteriores - Liga e Liga dos Campeões - e entre duas jornadas da prova milionária, Sérgio Conceição surpreendeu tanto ou mais do que Manchester. Desde logo na escolha do onze, mantendo Fábio Vieira, promovendo estreias no onze para Evanilson e Toni Martínez e trazendo Nakajima de volta ao lote de titulares. Também surpreendente foi a formação tática: repetiu-se um sistema de três centrais, embora desta vez tenha sido basicamente de três defesas, com Zaidu a fechar a zona central à esquerda. Manafá assumiu todo o corredor esquerdo, Corona o direito, mas viriam a inverter papéis ainda no primeiro tempo. Uribe era o elemento mais recuado de um miolo com Nakajima e Fábio Vieira na construção e dois reforços lá na frente.
Pelas características do jogo, Manafá e Corona eram mais médios-ala do que laterais, com muitas oportunidades para subir e continuar em zonas ofensivas... e mesmo no momento defensivo cobriam as subidas dos laterais adversários, com dois dos centrais a taparem caminho aos extremos gilistas. A equipa portista ainda demorou a encontrar-se com o sistema tático, tardando em criar ocasiões e permitindo uma ou outra ameaça ao Gil Vicente na primeira fase do jogo. Aos 26', por exemplo, os gilistas viram-se em superioridade numérica num contra-ataque (Mbemba corria para recuperar a posição), mas nem Lino nem Léautey conseguiram aproveitar a situação. Ainda mais delicadas ficaram as transições defensivas portistas quando tanto Zaidu como Uribe viram amarelos, ali pelo fim da primeira meia hora de jogo.
A mudança de Corona para o flanco esquerdo, ainda numa primeira fase do encontro. pareceu servir para esconder algum desconforto portista, graças a iniciativas do extremo (ou ala, neste caso, se preferirem) rumo à zona central. Com o virtuosismo habitual, o mexicano tentou oferecer o golo a Toni Martínez - valeu uma grande defesa de Denis - e começou uma jogada em que Manafá acabou por rematar com perigo a partir da direita, mesmo antes de Evanilson acertar em cheio na trave depois de um pontapé de canto de Fábio Vieira, responsável pelos cantos à direita.
Os portistas iam crescendo um pouco no jogo... e mesmo que não se livrassem de sustos - como num remate de Samuel Lino que falhou o alvo - conseguiriam descobrir o caminho para o golo. Zaidu e Corona combinaram no flanco esquerdo, Nakajima furou pela grande área adversária e serviu Evanilson para o primeiro golo do avançado brasileiro de dragão ao peito. Um bom golo coletivo que servia para disfarçar a confusão tática vista ao longo de boa parte do primeiro tempo.
Conceição lançou Romário Baró para o segundo tempo, sacrificando um dos avançados (saiu Toni Martínez), ajustou a formação tática (sendo mais conservador e permitindo a Zaidu mais audácia ofensiva) e a equipa portista conseguiu ter mais controlo da partida em boa parte do segundo tempo, chegando mesmo a somar uma série de oportunidades para dilatar o marcador. Foi até o médio da cantera portista, vindo do banco, quem conquistou um penálti, por mão na bola de Ygor Nogueira.
Os portistas avistavam uma ocasião de ouro para aumentar a vantagem, mas até no jogador chamado a bater o penálti houve surpresa: chegou-se à frente Uribe, que atirou para boa defesa de Denis, a segurar a equipa visitante na partida. O ascendente dos anfitriões mantinha-se, Fábio Vieira teve remates sucessivos que podiam ter dado em algo e Rui Almeida refrescou a equipa por essa altura para procurar lutar pelo resultado.
Quando parecia ser questão de tempo até o FC Porto chegar a um segundo golo que poderia trazer tranquilidade, uma entrada de Zaidu sobre Joel Pereira valeu o segundo amarelo ao nigeriano, deixando a equipa reduzida a dez e obrigando Conceição a colocar Sarr para fechar o corredor esquerdo, sacrificando Nakajima, um dos organizadores de jogo.
O tal segundo golo ficou mais longe, mas o FC Porto conseguiu não sofrer - Lucas Mineiro ainda criou perigo num cabeceamento - e conseguiu assim o mais importante de tudo: o regresso às vitórias e a aproximação provisória ao líder Benfica, somando para já menos dois pontos do que as águias.
O japonês não era titular há mais de nove meses, o brasileiro foi titular pela primeira vez. A nível ofensivo, foram estas as duas peças mais eficazes, principalmente pelo golo mas não só. Nakajima foi quem mais procurou criar desequilíbrios, Evanilson marcou e ainda acertou duas vezes no ferro.
De novo com três centrais mas agora com alas mais subidos, o FC Porto demorou a encontrar-se com a tática escolhida para o primeiro tempo, mesmo que o golo tenha surgido nessa primeira etapa. Os jogadores pareceram não entender em pleno como atacar e como lidar com transições rápidas do adversário.