O Estádio do Bessa, palco de três jogos do Euro2004 e nesta noite palco do último jogo da jornada 4, é sobejamente conhecido pela construção à inglesa, com ângulos retos entre bancadas e com o público (agora ausente) bem próximo da ação. Desta vez, foi à inglesa também por outra razão: porque foi aqui que Marcus Edwards renasceu para a Liga e garantiu três pontos num duelo clássico do futebol português.
A saída logo aos 57 minutos do extremo inglês que agora veste a camisola 7 confundiu o próprio jogador, mas mesmo essa alteração por parte do novo treinador não lhe retirou o protagonismo num jogo em que um golo bem ao jeito de um fantasista foi decisivo.
João Henriques não podia ter pedido melhor estreia no banco de suplentes do Vitória: triunfo na visita a um rival histórico, já com muitas melhorias à vista apesar do pouco tempo de trabalho com a equipa. Para Vasco Seabra, continua a ser adiada a primeira vitória e os axadrezados ainda não pontuaram em casa.
Uma troca de treinador após apenas três jornadas não é comum, ainda para mais não sendo os resultados dramáticos, e por isso grande parte da curiosidade neste jogo assentava nas opções do treinador estreante João Henriques, a quem foi entregue a pasta que Tiago não quis continuar a assumir. Dentro dos possíveis - as ausências nas laterais limitavam as escolhas, estreou-se Zié Ouattara à direita -, o técnico manteve a base do onze, embora com a curiosidade de ter em simultâneo Quaresma, Edwards e Rochinha, com o terceiro a partir do meio-campo para a frente e os outros dois a assumirem as faixas do ataque.
Vasco Seabra queria «provar o crescimento» da equipa e também nos axadrezados não houve grandes surpresas, mas sim um ajuste cirúrgico: na ausência de Angel Gomes, o técnico apostou em Show, procurando construir um meio-campo mais sólido e sacrificando a criatividade. Na defesa começavam os quatro de Moreira de Cónegos, mas o setor teve um revés bem cedo na partida: Adil Rami não aguentou sequer cinco minutos em campo, sendo rendido pelo estreante Cristian Castro, um colombiano de 19 anos que andava pelo Vizela na época passada.
O Boavista queria assumir o jogo em casa, mas faltava fantasia - que falta faz Angel Gomes... - e a forma rápida como os vitorianos chegavam a posições de ataque causava problemas à linha defensiva axadrezada. Rochinha, vagabundeando entre o meio-campo e o ataque, ia ganhando cantos e faltas. Quaresma colocava a trivela ao serviço da equipa, muito mais em cruzamentos venenosos do que em remates, Bruno Duarte servia de apoio aos criativos dos flancos. Do lado oposto, Bruno Varela tinha pouco trabalho, mas suspirou de alívio aos 34' quando Benguché, com tudo para encostar, se atrapalhou e falhou a finalização.
Vasco Seabra exasperava no banco, a querer a tal vitória que vai sendo adiada e que podia ter ficado ainda mais longe quando Rochinha se isolou e, perante Léo Jardim, lembrou-se de sacar um chapéu que não acertou na baliza.
Vasco Seabra estreou mais duas peças, Yanis Hamache e Musa Juwara, a equipa axadrezada somou uma série de investidas nos minutos finais e chegou a estar próxima desse golo do empate, num remate de Nuno Santos por cima e numa outra bola que caiu dentro da grande área vitoriana nos descontos, mas a equipa de Guimarães conseguiu mesmo festejar o segundo triunfo no campeonato, o primeiro numa nova era.
João Henriques teve pouco tempo para trabalhar a equipa, mas as melhorias notaram-se: a nível ofensivo no primeiro tempo, em particular, e a nível defensivo no segundo. O jogo era de elevado nível de dificuldade e a equipa vitoriana arrancou um ótimo resultado.
O título desta secção tem dois sentidos: primeiro, o jogo teve um arranque desinteressante, com faltas duras, um amarelo para Quaresma logo a abrir e a lesão de Rami; segundo, o próprio Boavista soma apenas dois pontos após quatro jogos e o novo projeto anseia pela primeira vitória.
Nada de muito relevante a apontar, talvez pudesse ter tido melhor controlo do encontro no início quezilento, com muitas faltas.