Deixar para trás o empate ou aproveitá-lo?

O empate é um resultado que não deixará ninguém feliz (ouça-se o que disseram os representantes das duas equipas), mas que de certa forma paira sobre o confronto que se avizinha. Explicando: o Rio Ave soma por empates os três jogos já realizados nesta Liga, enquanto o Benfica vê nesta deslocação a Vila do Conde uma excelente oportunidade para aproveitar o recente empate dos rivais e ganhar terreno na luta pelo título.

Frente a frente estarão duas formações com novas equipas técnicas, ainda em fase de consolidação de processos apesar de já terem uma série de jogos nas pernas... e que o diga o Rio Ave de Mário Silva, para quem a paragem internacional veio em boa altura depois do arranque de época alucinante entre jogos nacionais e europeus.

Jorge Jesus procura ainda (re)construir um Benfica à sua imagem, tentando que a insegurança que se sentiu contra o Farense não se repita e que as vitórias - que até agora foram constantes em jogos da Liga - passem a ser tão arrasadoras quanto aquilo que o treinador regressado à Luz pretende.

Bendito descanso

Os rio-avistas bem precisavam de um período de calmaria, não só para descansar as pernas mas talvez acima de tudo a cabeça, deixando para trás a imensa e inesquecível frustração da forma como a eliminação europeia aconteceu, diante do super-favorito AC Milan. Sair da Europa daquela forma não deixou ninguém satisfeito, mas há sempre forma de ver o copo meio cheio: deixa de ser obrigatório mudar a equipa jogo sim, jogo sim.

Mário Silva pôde, por fim, ter algum tempo para descansar e trabalhar a equipa ©Catarina Morais / Kapta +

Com quase todo o plantel à disposição, Mário Silva pode pela primeira vez pensar nas melhores opções para o jogo olhando quase em exclusivo para o que cada jogador pode dar ao jogo, não tanto para o que as pernas permitem dar. O técnico teve algum tempo para preparar o seu primeiro grande desafio no primeiro escalão do futebol português e isso aumenta o nível de imprevisibilidade do jogo.

Os vila-condenses vão já numa longa série de cinco empates entre todas as provas (tirando das contas os desempates por penáltis) e querem potenciar mais do que nunca a ideia de jogo do novo treinador para surpreender um fortíssimo candidato ao título nacional.

Por outra vitória, com outra segurança

A equipa de Jorge Jesus conseguiu não entrar em depressão depois da potencialmente depressiva eliminação na Liga dos Campeões e soma por vitórias os três jogos já realizados no campeonato nacional. No entanto, o técnico quererá a segurança que nem sempre se viu, em particular na tal receção recente ao Farense.

O Benfica venceu os três jogos na Liga, mas Jesus quer ver melhor em campo ©Kapta+

O Benfica foi feliz nas deslocações a Vila do Conde das últimas duas épocas, mas também esses encontros foram de resultados arrancados a ferros, pelo que também nesse ponto de vista os adeptos encarnados quererão uma resposta convincente e um resultado que expresse isso mesmo.

Jorge Jesus não tem Samaris nem Taarabt, mas talvez a grande questão a nível de escolhas seja o centro da defesa: apenas três centrais foram convocados, sendo eles Jardel, Otamendi e Vertonghen, e o experiente belga vem de uma lesão que o deixou fora da última partida e o fez deixar a concentração da respetiva seleção. Sabendo-se que Otamendi tremeu no primeiro jogo e que Jardel não completou a partida, quais serão as escolhas numa zona que pode ser decisiva?