Está conquistada a primeira vitória do Famalicão neste campeonato. Depois da goleada caseira imposta pelo Benfica, a equipa de João Pedro Sousa foi ao Jamor buscar uma reviravolta em apenas 10 minutos e derrotou a formação de Petit, que depois da vantagem dada pelo golo de Cassierra teve poucas ideias ofensivas e não conseguiu pelo menos resgatar o empate após boa entrada famalicense no segundo tempo.
Nove meses depois, o futebol voltou ao Jamor. A pandemia forçou o Belenenses SAD a mudar novamente de casa e o regresso fez-se apenas no fim de setembro, depois de uma Taça de Portugal que também se mudou momentaneamente para Coimbra. Aos poucos, o mundo vai voltando à normalidade. Com condicionalismos, claro. Ainda não há público nas bancadas, mas o relvado do Jamor voltou a sentir a bola rolar num encontro entre duas equipas que também estão a tentar adaptar-se ao novo normal a que se assiste a cada início de temporada. Equipas diferentes, estilos diferentes e resultados bem diferentes na última jornada para Belenenses SAD e Famalicão, que fecharam a ronda com um duelo mais interessante na teoria do que na prática.
Depois da goleada sofrida diante do Benfica, o Famalicão tinha um jogo em que podia finalmente jogar como queria. A equipa de João Pedro Sousa apareceu num 4x1x2x3 que procurava acima de tudo o equilíbrio com e sem bola, algo que aconteceu nos primeiros 45 minutos, mas com prejuizos claros. O Belenenses SAD estava confiante após a vitória em Guimarães e no regresso ao Jamor fez uso da experiência para aproveitar alguns erros que pudessem surgir da equipa famalicense.
Na equipa de João Pedro Sousa, a bola ia percorrendo Zlobin, os centrais e Gustavo Assunção, que recuava para iniciar as jogadas de ataque do Famalicão, mas daí para a frente houve muito pouco. Guga e Bruno Jordão foram engolidos pelo meio-campo do Belenenses SAD e a pressão de Bruno Ramires obrigou Assunção a jogar mais para trás do que para a frente. Com isto, o Famalicão não conseguia ativar os homens da frente e só através de arrancadas de Valenzuela surgia algum perigo para a defensiva do Belenenses SAD. A equipa de Petit não tinha tantas vezes a bola, não era perigosa, mas estava totalmente confortável e ia de forma muito mais objetiva para a baliza de Zlobin. Foi assim, num lance rápido e aparentemente simples (às vezes o simples é mais difícil) que surgiu a única oportunidade dos primeiros 45 minutos. Miguel Cardoso fez o que Cassierra não tinha feito antes e com um cruzamento de primeira entregou o golo ao avançado colombiano, que de cabeça antecipou-se aos adversários e colocou o Belenenses SAD em vantagem antes do intervalo.
Um ataque, um cabeceamento, um golo. Era tudo o que o Belenenses SAD precisava para chegar ao intervalo em vantagem. Do lado famalicense era o definitivo despertar para perceber que havia necessidade de mudanças, não necessariamente de peças, mas na forma de jogar. Pedia-se mais agressividade, mais velocidade e um envolvimento maior dos homens da frente à equipa de João Pedro Sousa.
Não estivemos no balneário da equipa famalicense, mas da bancada de imprensa deu para ver que em parte aquilo que escrevemos no parágrafo anterior terá sido pedido por João Pedro Sousa. Muito mais intensa, a equipa do Famalicão apareceu com outra mentalidade e menor rigidez posicional, permitindo assim o aparecimento dos médios, mesmo assim mais Guga que Jordão e a entrada em jogo de Lameiras, menos preso ao flanco direito e mais deambulante. O Belenenses SAD ficava com mais dificuldades na marcação e o meio-campo da equipa de Petit deixou de se superiorizar. O golo foi uma questão de tempo.
Embora não tenha surgido diretamente a partir destas novas dinâmicas, a consequência do novo Famalicão que apareceu na segunda parte foi quase imediata e com contributo do Belenenses SAD a reviravolta não tardou. O primeiro golo surge na sequência de um pontapé de canto finalizado por Riccielli, o segundo acontece porque Valenzuela aproveitou um erro de Cafu Phete para fazer o 1x2 na cara de André Moreira. O que mudou para que em apenas 10 minutos o Famalicão chegasse a vantagem? Para além dos retoques táticos, a atitude. O lance do segundo golo é um exemplo disso.
A reviravolta tão cedo prometia uma segunda parte mais interessante e com mais qualidade do que a primeira, mas o Famalicão, talvez pressionado pela derrota pesada da primeira jornada, mudou novamente a postura e decidiu proteger-se, deixando o Belenenses SAD numa posição de equipa dominante. As alterações de Petit contribuiam para que a equipa da casa assumisse essa atitude, mas tal como tinha acontecido com o Famalicão na primeira parte faltaram as ideias à equipa do Belenenses SAD, que exceção feita a alguns cruzamentos que assustaram Zlobin (muito errático a sair dos postes) pouco conseguiu fazer para ameaçar pelo menos a igualdade. Um regresso infeliz dos azuis ao Jamor, que contrastou com um Famalicão que em 10 minutos deu a volta aos problemas e ganhou confiança para o muito que ainda resta desta temporada.
Mudaram as ligações, mudou a postura, mudou o Famalicão e mudou o resultado. Um novo Famalicão foi decisivo para uma reviravolta em apenas 10 minutos que resulta em 10 pontos para a equipa de João Pedro Sousa.
Algo que faltou às duas equipas. O Belenenses SAD teve dois lances de perigo e criou um golo, o Famalicão, muito agarrado a Valenzuela, avançou de forma mais individual do que coletiva.
Segunda parte mais difícil de gerir do que a primeira, mas no global acabou por ser uma exibição positiva por parte da equipa de arbitragem.