Era a frase que os colegas repetiam num vídeo bem popular nas redes sociais e mais uma vez o médio português mostrou porquê. Depois de marcar o primeiro golo do FC Porto na Liga, voltou a ser preponderante no Bessa. Começou por ter das poucas prestações positivas numa primeira parte dividida, na segunda foi essencial: marcou de livre (com desvio de um adversário), fez uma enorme assistência para golo de Marega e ainda foi o instigador da jogada de laboratório num livre.
Bem pode passar uma hora - ou mais - a ser criticado, com ou sem razão. Em tantas e tantas ocasiões, Marega aparece no sítio certo, mete a bola lá dentro, resolve um jogo e cala más-línguas. Desta vez os portistas já tinham dois de vantagem, mas o maliano foi letal a construir a goleada. Atacou a profundidade e chutou com convicção aos 67', concluiu uma jogada estudada aos 71'. E quase chegava ao hat-trick...
Começou mais uma vez fora da posição que lhe é natural, e fica a sensação de que se perdem muitas das qualidades que tem ao jogar num flanco. Ainda assim, foi da esquerda que assistiu para o golo que tudo desbloqueou. Sendo deslocado para o meio-campo conseguiu mexer mais com o jogo, teve intervenção decisiva no livre estudado e cresceu em campo até à saída, aos 78'.
Também ele teve uma exibição em claro crescendo. Não foi inocente na acumulação de falhas coletivas na definição no último terço ao longo da primeira parte, foi mais uma vez decisivo na segunda. O lance espontâneo que valeu o primeiro golo desbloqueou um encontro que estava difícil e ainda foi dele a assistência para o segundo de Marega. Nem sempre os dribles saíram bem, mas a integração no trabalho de equipa foi excelente na segunda parte.
Não foi uma exibição perfeita, atenção: Angel Gomes pode e deve ser mais interventivo nas jogadas coletivas e parece ainda faltar algum critério na escolha da decisão a tomar. Ainda assim, o homem das três assistências voltou a perfumar o relvado com toques de classe - um domínio em particular junto à linha lateral foi notável - e vários momentos em que conseguiu soltar a bola com qualidade perante a pressão adversária, apenas porque a técnica que tem lhe permite isso. Tem tudo para fazer ainda melhor e ser destaque da equipa, em particular noutro tipo de jogos.
Não foi muito chamado a intervir ao longo do jogo, teve até alguns largos momentos da segunda parte em que foi espectador, mas quando foi chamado a jogo disse sempre presente. Começou por encaixar com segurança depois de uma jogada individual de Paulinho, brilhou em dois momentos consecutivos já na segunda parte, num livre de Sauer e, logo depois, cabeceamento à queima-roupa de Javi García.
Tanto um central axadrezado como outro estão nesta secção como representantes de um setor defensivo permeável, mais do que por qualquer desastre individual. Ainda assim, a um campeão do mundo (mesmo que não tenha jogado nessa prova) pede-se mais capacidade interventiva. Talvez por não se encontrar na forma física ideal - pareceu-nos algo pesado nos movimentos -, teve muitas dificuldades a acompanhar Marega. Quando a bola ia direta à zona em que se encontrava, conseguia aliviar e não comprometer, mas retirou mobilidade ao processo defensivo.
O companheiro de setor tem 34 anos, o mexicano tem apenas 18. O jovem não conseguiu também impor-se no segundo tempo, sendo permissivo nas bolas paradas e na reação a jogadas mais diretas dos portistas. Teve ainda uma série de perdas de bola. Ainda tem muitos anos para crescer...
0-5 | ||
Jesús Corona 47' Sérgio Oliveira 59' Moussa Marega 67' 71' Luis Díaz 90' |