O 141.º dérbi da Cidade Invicta prometia ser um ponto de viragem no passado recente, mas só foi diferente durante 45 minutos. Depois acabou como 13 dos últimos 15 (agora 14 dos últimos 16): vitória do FC Porto. A renovada pantera ainda deu um ar da sua graça, mas acabou dizimada na segunda parte (0x5), num dérbi que mais do que à moda do Porto, foi à moda do campeão, que se fez valer da experiência e voltou a demonstrar toda a sua força.
Nos onzes a grande dúvida prendia-se na possível utilização de Luis Díaz, mas Conceição deixou o colombiano no banco e apostou no mesmo plano que usou para vencer o SC Braga. Já Vasco Seabra lançou o estreante Rami para o lugar do indisponível Chidozie, no centro da defesa, e Benguché para o lugar do lesionado Yusupha, na frente de ataque.
Apesar da boa réplica axadrezada, faltavam as oportunidades, com o lance mais perigoso - uma bola à barra no seguimento de um livre estudado - a ser anulado por posição irregular. Do outro lado, as oportunidades surgiam quase todas através de Sérgio Oliveira, que foi o melhor dos dragões na primeira metade e arriscou várias vezes na meia distância, mas sem sucesso. Quando não rematou, assistiu Uribe para a melhor oportunidade da primeira parte, num lance de contragolpe, mas o colombiano atirou ao poste na cara de Léo Jardim.
Depois de uma primeira meia-hora dividida, jogada a bom ritmo e com bastante intensidade, o FC Porto assumiu a iniciativa de jogo e passou a ter mais posse, mas revelou dificuldades em ultrapassar a organizada defensiva axadrezada - até então só tinham incomodado em transição ou através da meia distância. As oportunidades não apareceram, o ritmo desceu e as duas equipas regressaram ao balneário com o nulo no marcador.
Faltava presença ofensiva e outra definição no último terço, mas tudo ficou resolvido com a palestra de Sérgio Conceição, ou pelo menos assim pareceu. Num dos primeiros lances da segunda metade e num lance algo atabalhoado da defensiva axadrezada, a bola sobre para Otávio, que até estava desaparecido do jogo, mas apareceu na hora certa, assistindo o inevitável Corona, que aproveitou da melhor forma alguma passividade de Rami e atirou para o primeiro da partida,
Vasco Seabra precisava de mudar o rumo dos acontecimentos e apostou no recém-contratado Ellis, mas o sentido do jogo estava definido e não mudou. Sérgio Oliveira estava a ser um dos melhores, senão mesmo o melhor em campo, e aprimorou ainda mais a sua exibição com um grande passe que isolou Marega e o maliano não teve problemas em bater Léo Jardim pela terceira vez. Poucos minutos depois, chegou o 0x4, desta feita num lance estudado de bola parada, mas novamente através de Marega, agora assistido por Corona.
Foi o ponto final nas aspirações dos axadrezados, que se revelaram incapazes de mudar o rumo do jogo e ainda viram Luis Díaz coroar o regresso à competição com o 0x5 final, já depois de Léo Jardim negar o hat-trick a Marega com uma bela intervenção.
O que Conceição disse aos jogadores dificilmente vamos saber algum dia, mas a verdade é que resultou na perfeição. O FC Porto vinha de uma primeira metade aquém do esperado, na qual revelou claras dificuldades em organização ofensiva, mas tudo mudou na segunda parte. Corona deu o mote logo aos 47’ e a partir daí foi um autêntico festival. Um dragão com duas caras, uma delas muito melhor do que a outra.
Depois dos três golos sofridos na jornada inaugural, o próprio Vasco Seabra admitiu na conferência de antevisão que o Boavista precisava de melhorar defensivamente, mas, apesar de uma boa primeira parte, os fantasmas voltaram nos segundos 45’. Começou com Rami a ceder demasiado espaço, mas não foi caso isolado e a verdade é que erros como os que permitiram os dois golos a Marega não podem acontecer a este nível.