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    Artilheira da seleção e do Sporting

    Do apoio do vizinho ao recorde no Brasileirão: a história de Raquel Fernandes

    O que você está disposto a fazer para alcançar o seu sonho? Ou melhor, sua ambição por ele é suficientemente grande para superar as adversidades que virão pelo caminho? A vida de jogador de futebol não é fácil, independente de gênero, categoria, região ou país. A história de superação pessoal parece ser fato inerente dos grandes craques do futebol. E a de Raquel Fernandes, jogadora da seleção brasileira e do Sporting, de Portugal, não é diferente.

    Quem olha hoje para Raquel vê uma jogadora com carreira consolidada, rumo a terceira temporada no futebol europeu. A atacante, de 29 anos, é figura frequente na seleção brasileira, acumula títulos como duas Copas América, duas Copas Libertadores e Campeonato Brasileiro, e nada é por acaso. Na verdade, é fruto de um início em que o único caminho possível era a vitória.

    Como é comum entre as meninas que sonham em se tornar jogadoras de futebol, o início de Raquel foi entre os meninos. O próximo passo era encontrar uma equipe feminina, o que coincidiu logo com a criação do time do Atlético Mineiro.

    "Eu fui lá, fiz um teste e passei. A gente treinava duas vezes na semana, ninguém recebia nada. Eu tinha a ajuda da minha mãe no começo, depois ela não pôde me ajudar. Aí tive um vizinho que me ajudava bastante. Logo em seguida, ele também não pôde me ajudar e meu preparador físico passou a me dar essa ajuda. A gente jogava mesmo por amor pelo futebol e pelos nossos sonhos, objetivos", afirmou Raquel, em entrevista a oGol.

    Na época, o futebol feminino ainda engatinhava em Minas Gerais. Sem a profissionalização, competições nacionais e mesmo valorização, Raquel conseguiu uma improvável convocação para a seleção brasileira sub-17, fato que acabou por ser chave para a mudança em sua trajetória.

    Com maior projeção, a atacante chegou ao futebol paulista, até hoje o grande centro do futebol feminino no Brasil. Depois de uma curta passagem pelo Rio Preto e retorno ao Atlético, Raquel encontrou então um desafio da altura de seu talento.

    Títulos empilhados em Araraquara

    Raquel não titubeia ao falar sobre a Ferroviária. Questionada sobre a passagem pelo clube, a resposta é como um chute seco: "representa tudo". Também, pudera. Em Araraquara, Raquel deixou de ser uma jogadora da seleção de base para chegar a seleção principal. Conheceu os principais palcos e se tornou protagonista neles, com títulos (e gols) a perder de vista.

    "O projeto já era bom, com bastante meninas boas. Em 2013, a gente pôde ser campeã paulista, com um time não tão conhecido. Na época havia bastante times bons. O São José tinha a Formiga, Bruna Benites, várias jogadoras de seleção. E aí a gente pôde ser campeã paulista. Em 2014, Deus ajudou e melhorou mais ainda aquele elenco. A gente foi campeã da Copa do Brasil e do Brasileiro. Foram campeonatos importantes, onde toda a equipe foi muito bem. Graças a Deus pude fazer muitos gols. Fui artilheira do brasileiro, depois de ter sido do Paulista em 2013... Foi onde fui muito feliz", recordou.

    2014, inclusive, foi o ano em uma jovem Raquel, aos 23 anos, ganhou os holofotes do esporte. Impiedosa, marcou nada menos que oito gols em uma mesma partida, numa histórica goleada da Ferroviária sobre o Pinheirense, por 16 a 1. Não é difícil de imaginar que este é, até hoje, o recorde de gols em uma partida na história da competição.

    "A gente trabalha todo dia para isso, para tentar marcar gols e ajudar a equipe. Naquele momento, o respeitar seria marcar todos os gols em todas as possibilidades que a gente tivesse naquele jogo. Fui muito feliz em ter marcado aqueles gols, mas tenho que agradecer a equipe. Foi um dia muito especial", afirmou.

    Carreira internacional

    A brasileira chegou ao futebol europeu no início de 2019, quando se transferiu do Iranduba para o Huelva, da Espanha. Antes disso, porém, Raquel teve uma experiência no futebol chinês, centro conhecido, assim como no caso masculino, pelas altas cifras envolvidas.

    Raquel conta que o futebol no país asiático tem mais semelhanças do que diferenças em relação ao praticado no Brasil, com algumas características próprias, como a priorização das jogadas pelos lados do campo para realizar cruzamentos. Mais do que o "campo e bola", a jogadora tira como experiência positiva o aprendizado do tempo na China, ainda que com alguns "apertos culinários".

    "Eu procurava experimentar as coisas. A gente ficava concentrada com eles, e só podia comer a comida deles. No máximo podia comer um arroz com ovo. E eu tentava experimentar tudo. Aí a gente estava na mesa junto com o treinador e outros atletas também, e veio uma coisa bem típica deles lá que é tipo um pastelzinho com um molho. As meninas jogaram para mim, queriam que experimentasse aquilo. Falei: 'Tá, né, vamos'. Quando coloquei aquilo na boca... Só não joguei para fora porque estava todo mundo na mesa me olhando. Então tive que comer. Mas vou te falar... Nunca mais na vida", contou bem humorada.

    Entre a saída do futebol chinês e o retorno para a carreira internacional, Raquel levou certo tempo. A jogadora esteve novamente no futebol brasileiro, onde mais uma vez conquistou a Copa Libertadores, desta vez pelo Corinthians. No ano passado, aceitou o desafio junto da atacante Ludmila Barbosa de ajudar o Huelva a escapar do rebaixamento em La Liga.

    "Uma liga muito boa, com muitos times bons. Difícil pensar em placares como 10 a 0, alguma coisa assim que foge... É muito equilibrado, tirando Barcelona e Atlético de Madrid, equipes acima da média. Mas uma liga muito forte, aconselho as meninas que querem jogar na Europa também... É uma liga muito boa, só com times top... E eu adorei. A gente pôde ajudar naquilo que foi proposto para nós e não caímos", afirmou.

    Raquel Fernandes
    Sporting [Feminino]
    2019/2020
    20 Jogos  1605 Minutos
    18   1   0   02x

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    Na temporada 2019/20, Raquel chegou ao futebol português, onde defende o Sporting. A disputa em Portugal é acirradíssima em busca do título da Liga Portuguesa, e envolve mais que pontos: o número de gols marcados é crucial na corrida contra o rival Benfica. Em decorrência da pandemia de Covid-19, a temporada passada acabou por não ser encerrada, mas basta olhar para a tabela para entender o panorama do campeonato por lá.

    "A liga foi encerrada e o Benfica estava em primeiro pelo saldo. Mas é uma disputa sadia. Eu tenho amigas lá, a Darlene era uma das artilheiras. É uma competição saudável, procuro dar o meu melhor. Sempre falo que às vezes é melhor a equipe ganhar do que eu fazer gol ou ser artilheira. Mas claro, individualmente eu sempre busco dar o meu melhor e marcar gols. Acho que isso é consequência, mas acho que a vitória é mais importante que a artilharia", declarou. 

    Em Portugal, a temporada 2020/21 tem início no final de semana. O Sporting estreia contra o Amora, no domingo.

    Seleção brasileira

    O Brasil vive um momento distinto no futebol feminino. O auge do país no esporte, talvez, remonte 2007, quando foi vice-campeão mundial, época áurea da craque Marta. Desde então, o Brasil se manteve absoluto na América do Sul, com conquistas das quais Raquel, inclusive, participou. Entretanto, desde a chegada da treinadora sueca Pia Sundhage para o comando da equipe, a expectativa é de um salto de qualidade.

    "A Pia é uma pessoa extraordinária, multicampeã. Por onde ela passou, ela conseguiu dar títulos. Na nossa seleção, não vai ser diferente. Talento a gente tem, e ela veio só para agregar a esse talento. Está sendo uma experiência muito boa", explicou Raquel, que neste momento está fora da convocação por decisão da CBF de contar com apenas jogadoras que atuam em solo nacional neste primeiro momento.

    "Ela (Pia) é uma pessoa que ensina, que tem paciência, que vai ali e conversa, consegue tirar o nosso melhor e está agregando muito. Ela disse que nós somos muito boas, mas tem pequenas coisas que precisamos melhorar para ser melhor ainda. Ela está insistindo nisso para a gente melhorar", completou.

    Ao ser questionada sobre o futuro do trabalho de Pia na seleção, Raquel não tem dúvidas em afirmar o que a torcida pode esperar: "muitas conquistas".

    Brasil
    Raquel Fernandes
    NomeRaquel Fernandes dos Santos
    Data de Nascimento/Idade1991-03-21(33 anos)
    Nacionalidade
    Brasil
    Brasil
    PosiçãoAtacante (Centroavante) / Atacante (Ponta Esquerda)

    Fotografias(3)

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