Chame-se maldição, chame-se outra coisa qualquer. A verdade é que o Benfica voltou a perder uma final internacional, a da Youth League, desta vez por 3x2, diante do Real Madrid de Raúl, campeão europeu como jogador e agora campeão europeu jovem como treinador.
Sem Paulo Bernardo, Luís Castro optou pelo regresso à fórmula com dois avançados na final da Youth League. Tiago Dantas jogou mais perto de Henrique Jocú e o meio-campo até começou inspirado, a roubar a bola e o domínio ao Real e a empurrar por consequência o adversário para trás. Oportunidades...nem vê-las, mas era um Benfica confiante e afirmativo na primeira dezena de minutos.
Aos poucos, o Real começou a perceber qual a melhor forma de anular a equipa encarnada. Bem colocados e organizados atrás, os merengues interpretaram muito bem os espaços a atacar e as jogadas perigosas de transição apareceram com naturalidade. Dantas e Jocú começaram a ser curtos e a linha defensiva alta também não protegeu o guardião Kokubo, que apanhou um par de sustos.
O golo só piorou a exibição do Benfica. Os encarnados não encontraram soluções no seu processo ofensivo, Gonçalo Ramos pouco apareceu nas costas de Henrique Araújo e, sem grande surpresa, o Real foi para o intervalo com uma vantagem ainda mais confortável. João Ferreira deixou-se antecipar, Morato foi mais lento do que o adversário e, em esforço, Jocú acabou por introduzir a bola na própria baliza. Falta de sorte, sim, mas muito pouco da equipa que deu uma demonstração de classe nos quartos e nas meias.
Perante um Benfica em queda, Luís Castro percebeu que teria de mudar logo ao intervalo. Acertou em cheio nas substituições, mesmo que a equipa não tivesse melhorado do ponto de vista defensivo. Ronaldo Camará, principalmente, melhorou muito o processo ofensivo dos encarnados, que chegaram ao golo da esperança logo ao minuto 49, pelo inevitável Gonçalo Ramos, um dos que beneficiou mais com as mudanças.
O Benfica estava claramente melhor, mas o lado esquerdo dos encarnados voltou a facilitar. E, desta vez, nem o guardião Kokubo ajudou, uma vez que a saída não resolveu o lance e permitiu uma finalização no segundo poste, por intermédio de Sergio Santos. Ainda tocou na bola o japonês...quando o esférico estava já praticamente dentro da baliza.
Acabou por ser um momento decisivo no jogo, até porque os minutos seguintes provaram que o Benfica estava claramente melhor após as mudanças operadas ao intervalo. Através de um pontapé de canto, no lado direito, Tiago Araújo colocou a bola redondinha na cabeça de Gonçalo Ramos, que bisou e que provou que, na frente de ataque, é pau para toda a obra.
Claramente mais forte do ponto de vista tático e físico, o Benfica continuou a carregar e conquistou uma grande penalidade para poder chegar ao empate. Henrique Araújo foi tocado na área e Dantas teve a oportunidade de deixar tudo na mesma. Mas o médio que tem sido dos melhores desta Youth League permitiu uma defesa a Luis López.
O Real entrou em falência física, permitiu ao Benfica comandar a partida. Com muito coração e pouca cabeça, a equipa de Luís Castro acabou por criar uma oportunidade incrível para o empate, já nos minutos finais. Mas Henrique Araújo, com a baliza à mercê, atirou à barra. E as lágrimas voltaram a fazer parte da história europeia das Águias.
O 🇪🇸Real Madrid é o sucessor do FC Porto e vence a UEFA Youth League pela 1.ª vez na história👏 pic.twitter.com/e78VnaGqlc
— playmakerstats (@playmaker_PT) August 25, 2020
Muitas dúvidas no lance ao minuto 83, em que Henrique Araújo ficou a pedir grande penalidade. É verdade que o guardião do Real soca a bola, mas também atinge com violência o jogador do Benfica, num lance que nos pareceu grande penalidade. Quanto ao lance com Kokubo, o japonês arriscou, podia ter sido expulso, mas o cartão amarelo aceita-se. De resto, permitiu algumas perdas de tempo do novo campeão europeu.
Terá sido das finais mais emocionantes da Youth League desde a criação da prova. Após o intervalo houve de tudo, desde três golos, um penálti falhado, um penálti por assinalar e um possível cartão vermelho. O vencedor esteve em aberto até ao apito final e o vencido pode acabar de consciência plenamente tranquila.
Alguns jogadores do Real Madrid exageraram nas últimas dezenas de minutos. Conflituosos e com tendência para a queda, os merengues perderam bastante tempo e deixaram os responsáveis do Benfica à beira de um ataque de nervos. Não retira mérito à vitória, mas obrigou o árbitro a dar sete minutos de compensação, por exemplo.