O pódio vai para Braga, o título de melhor marcador vai para Vinícius e para o Sporting não vai nada. No dérbi no Estádio da Luz, a equipa de Rúben Amorim perdeu com o Benfica por 2x1 e deixou fugir o Sporting de Braga, que como o mesmo resultado no Minho saltou para um terceiro lugar que durante grande parte da época fez por merecer e que o Sporting, por claro demérito, deixou escapar nas últimas jornadas.
Um dérbi é sempre um dérbi, mas neste Benfica x Sporting faltava muita coisa. A começar pelos adeptos, claro, que dão colorido e emoção a partidas como estas, a passar pela ambição das duas equipas. Claro que acabar o campeonato com uma vitória sobre o grande rival é bem melhor do que acabar com uma derrota, mas para o Benfica havia pouco em jogo (apenas a questão do melhor marcador) e para o Sporting, embora ainda estivesse por resolver a questão do terceiro lugar, a mente já está mais na época que aí vem. Ainda assim, Nélson Veríssimo e Rúben Amorim apareceram em campo com equipas próximas das mais fortes, apesar da surpresa quando na ficha de jogo estava Carlos Vinícius, ainda na corrida para melhor marcador da Liga, no banco de suplentes.
Num dérbi que começou sem Coates, lesionado durante o aquecimento, o Sporting entrou forte e mostrou cedo que a ideia que mostrou noutros jogos era para aplicar na Luz, mas depois de um período positivo a equipa de Rúben Amorim foi inofensiva, criando mais perigo para a baliza de Maximiano com bolas perdidas em zonas proibidas do que para a do regressado Vlachodimos. A estratégia encarnada passava claramente por pressionar a tentativa de saída de bola do Sporting, muito menos eficaz à direita do que à esquerda - Eduardo Quaresma e Ristovski foram cometendo vários erros. Mesmo sem bola, a ideia do Benfica passava por recuperar em zonas avançadas, algo facilitado pelo constante recuar dos jogadores do Sporting quando as soluções não apareciam mais à frente.
Perdida a primeira grande oportunidade do jogo por defesa de Chiquinho, após uma recuperação no lado esquerdo da defesa encarnada, o Benfica manteve a estratégia... e o Sporting também. Apesar do constante erro, a equipa de Rúben Amorim não mudou a forma de jogar. Tentou recuar Wendel e Matheus Nunes uma vez ou outra para ajudar na saída, Acuña ainda encontrou Jovane e Sporar em profundidade, mas muitas jogadas acabavam com a bola nos pés dos jogadores encarnados. No entanto, não foi essa falha a abrir caminho para a equipa encarnada. O desacerto em jogo corrido do Sporting fez-se sentir também num lance de bola parada onde Sporar ficou a dormir na marcação e permitiu a Seferovic encostar para o fundo das redes de Maximiano em posição claramente regular.
Em desvantagem, nada mudou. Plata e Jovane iam tentando aqui e ali resolver um problema coletivo do ponto de vista individual, mas os dois foram facilmente controlados pela defensiva do Benfica, assim como Sporar, tão pouco eficaz no ataque como na defesa. A segunda parte pedia coisas novas, principalmente a um Sporting que voltou para o balneário em desvantagem e que tinha maior obrigação de somar pontos pela questão do calendário, ainda que muito provavelmente os jogadores de Rúben Amorim soubessem que no Norte o FC Porto ia vencendo o SC Braga e facilitando as contas à formação leonina. Confortável no jogo, mesmo sem bola, o Benfica ficava na expectativa para perceber o que era capaz de fazer o Sporting, que para a segunda parte vinha sem Plata e com Tiago Tomás à direita. A ideia era atacar, se possível com perigo, algo que a equipa de Rúben Amorim vinha sentindo dificuldades a fazer nas últimas semanas.
Havia mais meio jogo para jogar na Luz e em Braga e apesar da vantagem portista no Minho, o Sporting voltou claramente mais objetivo na hora de atacar e expôs-se a menos erros. Com isto, os leões chegaram mais vezes à área encarnada, muito pelos comportamentos à esquerda de Nuno Mendes, que no arranque da segunda parte quase igualou o marcador numa jogada que serviu como exemplo da melhoria sportinguista na segunda parte, a contrastar com a dificuldade encarnada em saltar para a pressão quando os leões conseguiam jogar de forma mais larga e menos exposta ao erro.
De bola parada, as águias ainda voltaram a ameaçar a baliza de Maximiano, mas era claramente um Sporting superior ao que se tinha visto na primeira parte. Arma lançada desde o banco, até de forma surpreendente, Tiago Tomás quase aproveitou uma oferta de Jardel para igualar o encontro (acertou no poste), mas foi quando de Braga vieram más notícias para o Sporting que a equipa de Rúben Amorim reagiu de forma eficaz. Com espaço no meio-campo, Wendel viu Tiago Tomás e o jovem foi inteligente ao lançar Sporar, que falhou no lance do golo do Benfica, mas acertou no do Sporting, colocando a bola pelo meio das pernas de Vlachodimos para dar alguma justiça ao resultado e devolver de forma virtual a equipa verde e branca ao pódio.
De volta à igualdade, o Benfica procurou voltar também à forma com que tinha jogado parte do primeiro tempo, mas com o Sporting a subir mais no terreno e a arriscar menos no início da construção a pressão encarnada deixou de ser tão eficaz. Ainda com 20 minutos para jogar, as duas equipas procuraram novas estratégias para chegar ao golo, mas por parte do Sporting também havia uma maior concentração defensiva pela importância do golo de Sporar. Uma concentração que não durou até final e que acabou por mudar a história final do jogo e do campeonato. É que com o golo de Vinícius, numa finalização de pé esquerdo após cruzamento de Pizzi, o Sporting perdeu o pódio e o brasileiro acabou o campeonato como o melhor marcador da prova. Uma desatenção fatal numa época para esquecer por parte dos leões e uma má notícia para Rúben Amorim, que, para além das pré-eliminatórias da Liga Europa, vai ter menos tempo para trabalhar uma equipa que precisa de muito trabalho (e reforços).